Capitulo 11: Sandra's Show (New Live Episode)

 Notas Iniciais: Não morri (ainda), depois de muitas reviravoltas, reescritas, repensar e mais outras coisas finalmente consegui finalizar esse capítulo e estou imensamente feliz, -sim ele é IMENSO e espero que valha a pena-, portanto com vocês o novo episódio do programa da Sandra: 

Capítulo 11: Sandra’s Show (New Live Episode).

    O dia acabava de começar em Kalos com os primeiros raios de sol. Olhando por toda a região era possível ver de cidade em cidade uma multidão de pessoas tentando chegar em casa após de uma madrugada de trabalho, apesar de algumas nem saberem quando saíram, pobres acordavam ainda mais cedo do que costumavam acordar para trabalhar, as lojas Heleptrodomésticos que haviam registrado uma péssima semana em vendas cogitando fechar as portas, agora vendiam televisões custando o triplo do preço enquanto diversas pessoas empenhavam seus rins como garantia da compra.

Tudo isso possuía o mesmo motivo: O Programa da Sandra.

“Meu deus eu tô muito feliz! Por conta do trabalho faz um tempo que não assisto o Programa da Sandra realmente e fazer parte dele é tão emocionante! E não fazia ideia que Kalos de madrugada ficava tão bonita!” Serena comentava enquanto andava, lotada de sacolas, pela rota 4.

    A medida que se aproximava de Santallune, o frescor característico das flores cultivadas pelas Flabébé ficava mais evidente. Ao olhar para um lado viu em meio ao mato, uma Flabébé despedaçando sua flor ao vento, possuía uma expressão afetada e parecia não ter passado muito bem a noite.

“FLABÉBÉ FLABE FLABE FLA!”(Eu não aguento mais essa cidade, desde que todas as Flabébé aprenderam Aromatherapy todo dia é esse perfume irritante! Meu deus elas são tão hipócritas, não posso me sentir triste por um minuto que lá vem: ai Flabébé você deveria ser grata, cuidado com a sua flor foi Arceus que te deu, PROBLEMA DELE! A flor é minha eu faço o que eu quiser! Rezo todos os dias para aprender Sludge Wave e acabar com todas vocês!).

“Pelo visto todo mundo tem seus problemas...” A garota lembrava da última semana onde tudo havia acontecido com Lysandre, o modo como quase morrera dentro da cabine de crystal e como deixara Mawile de lado.

    As duas mal se falaram durante a semana e a aspirante à famosa não sabia bem como começar a falar com sua parceira sobre o ocorrido. Se deveria pedir desculpas, pois estava em um momento vulnerável e não tivera culpa de fraquejar. Cogitou usar a pokebola da fada metálica agora, entretanto, apenas a guardara novamente.

“Bem como hoje eu estou feliz hoje eu vou ignorar, vou tentar diminuir o ritmo porque desse jeito chegarei no programa da Sandra toda suada!”

    Serena ainda recordava da última vez que esteve em Santallune, fora ali onde vira Ária pessoalmente pela primeira vez, ainda lembrava do momento em que vira a garota correndo do ginásio, a lua refletia a vulnerabilidade dos olhos da ex-kalos queen fazendo com que, pela primeira vez, Serena pensasse no que significava tudo o que vinha desejando para sua vida até então, em cerca de cinco minutos suas aspirações deixaram de ser apenas sonhos, tornando-se objetivos e naquele momento toda a empolgação floresceu em seu peito.

No fundo do seu coração um sentimento também espreitava: o medo.

“Mas não é hora de deixar esses pensamentos me influenciarem, Sandra é uma das pessoas que mais admiro e desejo muito ser igual a ela! Adoro o modo como ela deixa todos terem seu momento independente da pauta!"

"E finalmente Atingi a marca de 550 seguidores com meu novo projeto modelando doces inspirados nas cidades de Kalos! O de Anistar conseguiu 200 visualizações! Apesar de não ter encontrado muito material de pesquisa sobre a cidade... Não é muito, mas já é um começo, vou ter de pular o de Laverre senão serei cancelada” A garota comentou enquanto passava pelo portão da cidade, estava indo em direção aos Studios Santallune onde o episódio de hoje seria transmitido.

“Trabalhei a semana toda para comprar meu vestido é um tom prateado que acho que combina com as cores do programa, quase vendi meu rim para comprar uma base da Skyla! Finalmente vou poder testar dizem que sua pele fica melhor que uma Goodra com Hydration! Comprei também uma sombra vegana por 6 pokedollars! Tava de graça! Garantiram que não testaram em nenhuma Phanpy dessa vez e ainda não sei como vai ficar meu cabelo, mas tudo vai dar certo!” Falava para ninguém em especifico enquanto andava pelas ruas.

    Em uma praça próxima a entrada dos studios, Felipe um menino de seis anos e Nazaré uma senhora de 57 anos tinham insônia em Santallune e comumente escolhiam uma praça da cidade para passar a noite conversando, uma vez que não conseguiam dormir.
    Enquanto a funcionária do Centro Pokemon de Lumiose passava saltitando e falando sozinha, a observaram com estranheza.

“Titia! Aquela menina esta tão feliz, o que aconteceu com ela?” Perguntou Felipe com insônia.

“Ela provavelmente pensa que vai ser feliz e que vai alcançar todos os sonhos! É muito comum em Kalos as crianças se desiludirem com seis anos e meio sobre os seus sonhos, mas algumas pessoas não passam por isso e ficam iguais a ela!” Respondeu Nazaré, com insônia, observando Serena.

“Coitada! E é por isso que você me diz que não tenho capacidade para ser catador de lixo em Lumiose?” Perguntou o menino balançando as pernas no banquinho.

“Exato, para você já ir aprendendo como o mundo funciona, eu por exemplo queria ser cantora, mas minha mãe me falou que se eu lançasse um single não ouviriam nem nos esgotos de Kalos”.

“Realmente nunca ouvi falar sobre o que eles escutam em Laverre...”.

    Andando pela praça, um homem utilizava uma boina branca e fitas verde-água projetavam-se a sua frente desafiando a forma como o vento funcionava naquele local, observou ao redor conseguindo enxergar uma grande quantidade de bancos, incluindo um onde Felipe e Nazaré discutiam a respeito do novo anúncio de Siebold. 
    Wallace parou na praça fechando os olhos, tentou sentir algo e... 

    Nada.

    Porque nada parecia ser como antes, tudo estava tão... comum, onde estava o fluxo que conseguia sentir?
    Dirigindo-se à parte central da praça notou uma fonte d'água, possuindo formato de uma Roserade cercada por Roselia e Budew, de onde esguichavam uma cascata por entre seus buquês, o sol ainda não tinha desperto por completo então o local ainda encontrava-se nublado, aproximou-se da fonte ajoelhando e pondo suas mãos na extremidade dela e lentamente notou seu reflexo na água estando mais turvo do que deveria.

“Por que não consigo mais ver do mesmo jeito? Por que não é mais especial...? Eu não entendo... O que está acontecendo comigo? ... Talvez eles tenham razão... Eu não consigo mais!” Wallace perguntou-se firmando suas mãos com frustração até que o esforço provocasse dor.

    Ao sentir finas gotículas de precipitação cumprimentarem seu rosto, deu um leve sorriso, ainda havia algum sentido na água afinal, porém ao tentar encontrar o conforto que sempre encontrou ao mirar-se na fonte, o modo como seus sentimentos sempre pareciam refletidos no espelhos das águas, e o fazia sentir que no seu coração existia um mundo inteiro a ser descoberto caso mergulhasse fundo.
    Agora era como se a razão que o ligasse a esse mundo tivesse afundado e esquecido de levá-lo junto, deixando-o ali como um Magikarp fora d’água com barbatanas fracas o suficiente para voltar a nadar e sem nada a visualizar no horizonte.

“Eles têm razão, o que posso fazer de diferente com meus Pokemon de água afinal? Como vou fazer frente ao Steven?! Ninguém em Hoenn nem usa Pokemon de água na liga para evitar estratégias... Como eu vou ser capaz de mudar alguma coisa? ... Sempre foi sorte, afinal.” Suspirando o homem observou seu reflexo tremeluzir ao contato de uma brisa.

    Ao olhar para o lado, se deparou com uma garota saltitando cheia de compras, falava sozinha e aparentava estar muito ansiosa e algo na ansiedade dela lhe arrancou um sorriso inesperado.

“Ainda tenho cerca de um mês e meio para me conectar comigo mesmo e tentar ver se ainda sirvo para algo antes de enfrentá-lo, Steven... Será que consigo?” O homem de cabelos azuis comentou levantando-se em seguida.

    Dobrando a esquina, a garota conseguiu visualizar ao longe uma placa enorme onde estava escrito: SANTALLUNE STUDIOS.
    Grandes produções foram realizadas ali, como a aclamada: Mais uma vez Kanto? Um conto de terror onde Leaf é uma famosa treinadora com compromissos ao redor do mundo, mas um belo dia, acaba presa numa maldição em que não importa em qual região ela durma, acaba acordando em Kanto perdendo a capacidade de falar, com seu pai morto, sua mãe sendo incapaz de sair da sala, as pessoas duvidando da veracidade de sua existência e insistindo em chamá-la apenas de Red.
    E também a polêmica: Você já pensou no que você deseja? Reconta a lenda de Jirachi, o lendário Pokemon dos desejos, onde ao invés de simplesmente realizar os desejos, Jirachi acorda uma vez a cada ano para falar o que realmente acha dos desejos das pessoas que recebe em seus sonhos, opina sobre a vida delas de acordo com suas próprias convicções sem se importar com os sentimentos dos outros levando os espectadores a contemplarem o vazio e monotonia de suas existências, percebendo que nunca serão especiais e ninguém merece sua atenção, contém gatilhos para muitas pessoas e é indicada para crianças a partir de quatro anos.

“Mal posso acreditar que estou realmente aqui para participar de um programa! Ui, eu sabia! Desconfiei desde sempre que esse azulejo era texturizado!” Comentava a garota passando a mão na parede da entrada decorada com azulejos em tons de marrom que se assemelhavam à madeira.

    Ao lado estavam os guichês para entradas de veículos e a portaria para a entrada dos atores e trabalhadores do local, enquanto a menina passava seu tempo admirando cada polígono dos bancos e máquinas automáticas colocadas no hall, o porteiro dentro da cabine tratava de chamar os seguranças.

“Boa tarde, sem querer causar incômodos, mas temos uma tolerância de cinco segundos para pedintes e em caso de insistência encaminhamos logo para a policia e...”.

“Eu não sou pedinte, eu sou a Serena, estava só dando uma olhada, é minha primeira vez aqui, sabe?”.

“Neste caso, me desculpe informar, mas é que nós só permitimos artistas aqui, sabe? É que tira a exclusividade e...” O segurança continuava a falar gesticulando.

“Eu sei, por isso imprimi esse comprovante e essa etiqueta de que sou uma pessoa normal, mas estou autorizada, vou participar do pobre da semana” Provou apresentando os documentos.

“Ai então que bom que já está avisada do seu lugar, aqui o seu selo, é bom não tirar da roupa que for usar senão corre o risco de ser expulsa se for confundida com um qualquer” O homem alertou a entregando um broche com um P decorado com flores.

“Gratidão pelo aviso!”.

“Disponha!”.

    Toda a região de Kalos hoje se encontrava em êxtase, após uma semana de episódios pré-gravados, finalmente iria ao ar, o mais novo episódio ao vivo do famoso Programa da Sandra, reunindo todas as polêmicas da semana, fofocas de famosos, uma nova pobre da semana, um convidado especial e como sempre muitas criticas ao governo de Diantha.
    A escola onde Serena estudara em Vaniville reunira todas as turmas no auditório central diante de três projetores que sintonizavam no descanso do canal onde seria exibido o programa, o professor tomava a frente do local.

“Muito bem, crianças! O programa da Sandra começará dentro de alguns minutos e está sendo passado uma ficha estilo bingo para fazerem suas apostas das fofocas dessa semana! Também prestem atenção na folha para relatarem sobre todas as atualidades, quem não entregar estará com todas as notas do período zeradas!”.

    Duas senhoras conversavam no metrô de Coumarine uma de frente para a outra, o dia estava agradável com os raios de sol entrando pelas janelas enquanto o veículo andava de Lumiose para a cidade natural, cruzando as pernas uma logo perguntou:

“E a Diantha ein? Estou doida pra saber o Bite que ela vai levar da Sandra dessa vez, vai até flinchar!” Perguntou a primeira colocando a mão sobre a boca para conter a risada.

“Menina, ouvi dizer que ela está com um projeto pra ensinar sobre os lendários de Kalos nas escolas! UM ABSURDO!” Comentou a segunda em tom de fofoca.

“Meu deus! Onde já se viu falar da região de Kalos em público assim?! Daqui a pouco ela troca as estátuas de Roselia por estátuas de Florges!”.

“Pai, pelo amor de Arceus!” Em Shalour um homem usando terno, estava diante da Torre da Mega Evolução chorando enquanto observava o mar cheio.

“Como assim, pai? Eu tenho quatro anos!” Uma criança respondeu do outro lado.

“O-O quê?! Me desculpe, esqueci que quando você está fazendo uma ligação de urgência eles dificultam...” Desculpou-se iniciando outra ligação.

“Pai socorro em nome de Arceus!”.

“Que o mistério Fire te console, o que aconteceu meu filho?!”.

“Estou preso na Torre do ginásio! Não tá no horário da água baixar e eu preciso assistir o programa da Sandra ou vou ser demitido e ainda levar advertência na carteira!” Assustado o homem contava ao telefone.

“Meu deus, a Korrina não tava tendo uns 11 empregos esses tempos? Vê se ela não virou pescadora essa semana!”.

    Em Cyllage, conhecida pela grande reunião da comunidade esportiva de Kalos, sendo mais comum os ciclistas, os alpinistas e corredores, dois irmãos conversavam enquanto escalavam a entrada da Connection cave para pegar o melhor sinal de internet por cima dela.

“Ei, escuta, você já soube quem vai estar no programa da Sandra essa semana?” perguntou a menina.

“Ouvi dizer que é uma pobre a Serena, e pelo que eu entendi o Wallace aquele que venceu a liga de Hoenn semana passada e vai enfrentar a elite 4 qualquer dia desses, mas fiquei confuso... Ele não era meio... problemático?” Perguntou o irmão.

“Não! Pelo que ouvi falar ele é só de Hoenn mesmo, mas deve ser muita água coitado, tomara que ele vença a liga porque alguém precisa falar pra Glacia que o bottox dela já passou da hora!”.

“E que não adianta a Phoebe só usar saião e falar do sol que ela nunca vai ser Alolana! Coitada vive até hoje rezando pra ver um morto e ficar famosa igual a Acerola, mas quem somos nós pra julgar!”.

“Semana passada o casamento da minha prima foi cancelado porque ela tava comprando flores pro buquê dela e no caminho de casa foi assaltada por uma Florges, a policia acabou prendendo minha prima já que a Florges acusou de apropriação cultural porque as flores eram azuis também?! Meu deus Kalos está cada dia mais impossível!” Uma usuária do twitter Compartilhou

“E a Diantha não faz nada” Respondeu outra compartilhando a postagem.

“E a Diantha não faz nada” Confirmou a usuária no Twitter.

    No Centro Pokemon de Lumiose, Anisa terminava os relatórios de atendimento dos Pokemon da semana, vez ou outra levantava o olhar para a televisão certificando-se que o programa ainda não havia começado, assim que soube que Serena havia conseguido uma vaga ficara extremamente feliz pela garota progredir em seus sonhos, ao mesmo tempo lembrava-se que já fazia mais de 3 anos que atuava no Centro Pokemon como enfermeira chefe.
    Havia feito progressos e descoberto muito sobre a saúde complexa dos Pokemon, o quanto variava de espécie para espécie, a especificidade do tratamento, técnicas que funcionavam melhor na teoria do que na prática, mas sentia a necessidade de algo novo e maior, e no meio desse devaneio notou uma mulher utilizando um uniforme do CPSP – Centro de Pesquisa de Saúde Pokemon passando pela portaria e aproximando-se do balcão.

“Bom dia, você é a Anisa, não é? O CPSP tem um comunicado para você” Anunciou a funcionária.

“Meu deus eu sabia! Pode me levar pra policia, fui eu sim que injetei por acidente um soro preparado com uma solução de Ice Beam de um Vanillite na veia de um Druddigon, ele quase morreu coitado, mas Arceus teve pena da alma e não levou, mas agora ele não pode mais usar Flamethower e nenhum outro golpe Fire e ainda eu menti pro treinador dele falando que devia ter sido alguma berry estragada que ele comeu e...”.

“Não é bem sobre isso... Bom para o bem da sua integridade profissional eu vou ignorar, o seu Centro Pokemon foi reconhecido como referência junto de outros 16 Centros mundo afora, no seu caso por seu êxito em tratar da cristalização Pokemon, e você foi indicada para participar do Programa de Pós Graduação de Enfermeiros Pokemon! Tem aqui algumas fichas que você deverá relatar seu trabalho e o trabalho dos funcionários em sua liderança e enviar em até uma semana, os oito melhores serão selecionados para uma disputa presencial em Snowbelle!”.

“Meu deus... E-eu não sei nem o que dizer! Muito obrigada pelo aviso! Eu vou preencher!” Levando ao peito com os olhos cheios de lágrimas, a mulher sentia um misto de alivio e orgulho crescendo em seu peito.

“A propósito, vocês vão assistir o programa da Sandra? Estou querendo saber muito se essa Serena vai mesmo servir!”.

“Vai sim, em nome de Arceus, inclusive isso me lembrou que preciso acender aqui um incenso antes!” A enfermeira comentou virando-se para de trás do balcão.

    Abrindo uma gaveta remexendo entre chaves de fendas, fitas e parafusos tirou de lá uma caixinha onde era possível ler: Incensos Abençoados Pelo Pai Maior – Mimi Purista, pegando um referente ao mistério steel buscando trazer resiliência, acendeu um fósforo queimando a parte superior deixando um cheiro metálico adocicado tomar conta do local.

“COF COF COF!” Uma menina loira tossia ao entrar em contato com a fumaça.

“COF Alô? Policia?! COF Sim eu sou Mina de Alola e quero denunciar um caso de insulto, sou seguidora de Giratina e acenderam um incenso de Arceus em minha presença e estou me sentindo violentada!”.

“Se a pessoa for presa por isso você também será presa por intolerância religiosa, é isso que quer?”.

“Não, estou me sentindo melhor, muito obrigada pelo atendimento” Mina encerrou a ligação.

“Como ousa me denunciar no meu próprio Centro Pokemon?! Eu posso apagar se estiver te incomodando tanto” Cedeu Anisa.

“Não precisa, é que eu sou de Alola e não estou acostumada com essas coisas... A propósito estou olhando bem para você e me veio na cabeça: você está com algum problema em suas ambições profissionais?” Perguntou a artista.

“Olha... Agora que você perguntou estou sim, tá dando pra perceber?” A enfermeira perguntou preocupada procurando por defeitos em sua roupa.

“Não se preocupe, foi intuição, gostaria de participar de um projeto?!”.

    Neste exato momento pessoas davam entrada nos hospitais passando mal de ansiedade, crianças choravam em desespero, famílias unidas ou brigadas reunidas na sala, pois todas as televisões de Kalos estavam sintonizadas no mesmo canal, todas as outras redes de TV cancelaram suas programações matinais pois sabiam que não atrairiam público e muito menos patrocinadores, as centrais de energia reforçaram a transmissão quando a câmera exibia o teto dos Studios Santallune e ia descendo em espiral, especialistas especulavam que cada marca que aparecia por um milésimo de segundo no programa desembolsava mais de um milhão de pokedolars por publi.
    Uma visão geral mostrava um grande sofá em tons creme com almofadas acolchoadas eram exibidos, uma sala para culinária onde cozinheiras preparavam as receitas do dia, um balé dançava por detrás do cenário principal, um tapete com pelugem acolchoada decorava o centro junto de um aquário subterrâneo que dava forma a uma passarela por onde Sandra entrava balançando a cintura enquanto seu salto estalava contra o vidro antecedendo sua presença.

“Tirem as básicas da sala, pois está começando agora o meu, o seu, o nosso Programa da Sandra!” Passando pela lateral da câmera, a mulher lançou um beijo enquanto o vestido marcava o formato de seu corpo, utilizava também uma pseudo armadura com ombreiras em um conceito mais vitoriano no programa de hoje.

“Não adianta chorar gente, senão vão acabar igual a Giselle que desativou as redes semana passada, pois nem os cinegrafistas aguentaram assistir ela falando sobre quais as melhores rotas para se andar em Kalos como se todo mundo já não soubesse!” Caminhando em direção ao sofá, Sandra sorria para as câmeras.

“Sandra é verdade que você viajou para Sinnoh e não está apoiando os Ground type no movimento em prol de visibilidade do tipo?” Um usuário perguntava no twitter.

“Eu sou uma especialista, e gostaria muito de saber quando você vai falar sobre a necessidade das garotas pegarem uma Eevee para se tornarem úteis na sociedade?” Koharu perguntava no twitter.

“Olhe, em primeiro lugar produção, vamos bloquear qualquer coisa da Koharu e em segundo lugar para acabar com todas as polêmicas viajei para Sinnoh sim! Peguei um time padrão Sinnoh, com um Infernape, sim! E digo mais, esse movimento está sendo encabeçado pela Bertha que não está lutando pelo movimento e sim pelo próprio ego porque não aguentou ouvir que o Hippowdon dela não é memorável diferente do Garchomp da Cynthia que é ground e faz sucesso até hoje!”,

“E a Hapu, ela também se juntou ao movimento pedindo visibilidade para a Ilha Poni depois de uns boatos de Golurk dela ter sido derrotado por um Eletric type” Um usuário perguntava.

“Quem?” Finalizou Sandra.

“No programa de hoje, traremos pautas urgentes, no quadro Criticando o Governo de Diantha, hoje, temos: você já viu algum corrimão em Kalos? Eu mesma acredito ter visto um perto de Lumiose, mas não tenho a certeza. Trazemos relatos exclusivos e emocionantes de uma moça que se identifica como Roller Skater e não sai de Shalour faz 6 meses pela falta de corrimãos para se locomover por Kalos, enquanto isso Cyllage ganhou uma obra em todas as suas ciclovias, estaria Diantha favorecendo os Bikers?” Sandra perguntava.

    Ao fundo uma foto de Shalour, onde podiam-se ver alguns corrimãos instalados pela cidade onde os patinadores utilizavam para sair de suas casas, mas ao chegar no final da rota as estruturas desapareciam, com os patinadores afirmando que: senão for para realizar manobras, não existe sentido na vida de um Roller Skater.

“No quadro: Auxilio Profissional, temos uma matéria muito importante para todos os pais e mães: vocês deixariam sua filha virar Aroma Lady? O sindicato de trainer class recomenda que não, os especialistas apontam cinco problemas principais e pedem a reformulação da classificação, afirmando que cinco fraquezas é muita coisa e passar o dia inteiro abraçando árvores sem ao menos plantar uma nova não pode ser considerado um talento pedindo a ajuda dos pais para inibir esse desejo nas crianças, se você tem um filho já sabe, mantenha o longe de uma Sunflora!”

    A chamada do quadro mostrava um grupo de quatro Aroma Ladies abraçadas numa árvore na Santallune Forest pedindo respeito, enquanto suas Pokemon utilizavam Grass Terrain para melhorar os nutrientes da terra, informando que desta forma a árvore se sentia mais querida sendo um trabalho importante para se desenvolver um ecossistemas mais empático e uma quinta moça perdia todos os seus Pokemon para um Bug Catcher com seis Wurmple.

“Sandra você vai falar do Siebold? Ele anunciou o restaurante pelo quinto ano seguido, você acha que vem ai dessa vez?” Um usuário do twitter perguntou.

“Não falamos de subs aqui, mas se sobrar um espaço a gente reserva um momento na lista dos fracassos contínuos do Siebold, ainda não me recuperei do último escândalo, eu tenho certeza que aquela ajudante dele cozinhou sim a Cherrim no curry e só não quis dizer, ninguém mais ouviu falar da Wendy coitada que Arceus a tenha” Sandra comentou pegando seu terço do mistério Grass enquanto internautas subiam a tag #justiçaporwendy.

“Quem é Wendy gente?” Perguntou uma usuária do twitter.

“Pelos rumores foi uma Cherrim que era muito amiga de uma funcionária do restaurante do Siebold, ela entrou na cozinha no dia da inauguração e não saiu mais, algumas pessoas depois passaram mal comendo o curry que foi servido da entrada porque estava muito doce, a policia nunca encontrou nenhum vestígio, mas aqui em Killoude só se fala disso” Respondeu uma das militantes do movimento.

“Para o Problematizando Sistemas de Batalhas, hoje nós temos aqui: Sky Battles são realmente necessárias? O quão ofensivo é os Sky Trainers intitularem-se assim? Quem deu a eles esse título e por que se acham melhores por voarem? Trazemos depoimentos de alguns Bagon e Dodrio que não se sentem contemplados por essa perspectiva limitadora, pois segundo eles, o céu é de todos e isso os invisibiliza!”.

“Em Couriway uma moça chamada Sabrina está ficando muito famosa por realizar projeções astrais conseguindo elevar tanto seu espírito que algumas pessoas até fizeram a passagem, ela diz ser capaz de revelar inúmeras fofocas por isso a convidamos para uma amostra aqui no programa! Vale lembrar que ela foi a responsável por contar a todos que apesar dos anúncios confirmando que agora era o momento, Siebold teria outro bloqueio criativo e não abriria seu restaurante pelo quarto ano consecutivo fazendo com que alguns fãs do bolão se decepcionassem amargamente, quem sabe ano que vem?”.

“Já fazem cinco anos que estou internada no hospital de Coumarine, pois decidi que não faria mais nenhuma refeição até o Siebold lançar esse restaurante! Não estou aguentando mais!” Contava uma usuária no twitter, em sofrimento.

“Tudo isso e muito mais aqui no Programa da Sandra! E agora apresentaremos os convidados de hoje, e vem ai o homem do momento! Ele é lider de ginásio, ele é um monowater, ele possuí trabalhos de caridade, ele acabou de derrotar a liga de Hoenn, e diferente do que se espera escolheu a prorrogação de até três meses para enfrentar a E4! Além disso ele também é um coordenador muito famoso, como ele faz tudo isso? Não posso contar sem meus advogados para permitir! Ele é Wallace!” Sandra anunciava enquanto a sonoplastia do programa fazia com que diversas palmas fossem ouvidas por todos os presentes.

“Ele não é meio...problemático?” Perguntou uma usuária no twitter.

Wallace surgia por detrás de uma cortina, projetores de luz foram colocados sobre o tecido enquanto efeitos de ondas do mar se abrindo junto com uma passarela de conchas apareciam conforme ele caminhava.

“Você não a conhece, e muito menos eu, ela já teve o CPF clonado, já foi acusada de mais de 73 crimes, permaneceu por mais de quatro meses com o nome detido na justiça, já esteve envolvida em polêmicas de morte até roubo de potches e ainda por cima é pobre, coitada! Recebam com muito carinho, Serena, nossa pobre da semana!”.

    O cameraman como um maestro indicou a equipe de efeitos especiais e todos logo apontaram os projetores de luz, hologramas de uma prisão se abrindo foram surgindo a medida que Serena surgiu com um vestido prateado um pouco acima do joelho, em seu ombro algumas tiras laminadas remetiam a placas de metal fazendo com que o vestido parecesse feito de aço.
    A medida que caminhava em direção ao sofá, posicionou-se ao lado de Wallace que a observou de canto de olho, nervosa, tentava conter as mãos rente ao corpo para que não tremessem, o que resultava no suor acumulando na palma delas.

“É um prazer imenso recebê-los aqui! Wallace está divino como sempre, como tem passado Hoenn?” Com o salto estalando pelo vidro do aquário, Sandra perguntou.

“Ai... Bom você sabe, como sempre, muita água!” Respondeu o homem ainda se acostumando com o local, porém Serena sentiu suas palavras pronunciadas como se estivessem afogadas pelo próprio tom da sua voz.

“Estamos muito felizes em receber aquele que foi o primeiro desafiante da Elite dos 4 a usar a claúsula de adiamento, problemático, eu diria” A apresentadora sorriu voltando-se para as câmeras e deixando o homem um tanto quanto constrangido.

“E Serena! Sabe desde que criamos esse quadro, fico encantada em poder dar uma chance aos mais desafortunados! Adorei sua maquiagem, está linda!” Comentou a apresentadora.

“Básica né?!” Serena comentou ignorando o fato de quase ter sido expulsa e a maquiadora ter sofrido um ataque de pânico ao visualizar a base da Skyla sem nenhum aviso de gatilho antes e cogitar utilizá-la em qualquer outra situação que não fosse uma publi “Eu assisto você desde que eu era muito pequena, é um sonho estar aqui!”.

“E não é o de todos?! Muito bem, agora que já estão aqui acomodem-se a vontade que hoje falaremos de assuntos sérios! Isabella traga água pro Wallace e pra Serena pode trazer qualquer coisa que ela é pobre e não está acostumada. Já temos nossa repórter Janna que está em Shalour para nossa primeira pauta!” Virando-se para o telão no fundo do bloco do sofá no programa.

    Algo no modo de agir da mulher lhe parecia estranho, Serena não esperava ser recebida com abraços e doces, mas lembrava-se dos convidados do programa possuírem mais liberdade, entretanto, não era o momento de sentir-se para baixo, estava em rede nacional.
    Isabella, uma garota alolana, logo chegou com uma bandeja onde havia um copo de água cristalino direcionando-o a Wallace, enquanto Serena tinha um drink feito de frutas unovianas sem álcool.

“Muito obrigada!” Disse a funcionária do Centro Pokemon à garota que assentiu.

“E então... Está gostando de Kalos?” pergunto ela sem jeito.

“Para ser sincero cheguei ontem e mal tive tempo de pensar sobre isso... Ainda não sei se essa ideia faz algum sentido ou se só estou fugindo do que deveria realmente estar fazendo... Me desculpe por isso!” Wallace comentou e voltou a beber sua água.

“E eu sou Janna, e estamos aqui ao vivo de Shalour, onde vamos falar com a Roller Skater Fernanda, que relata para nós um drama vivido por todos os patinadores da cidade, já fazem mais de seis meses que não conseguem se locomover por Kalos, pois não conseguem realizar uma manobra a cada uma hora como esta caracterizado no regulamento” Janna comentava direto para a câmera.

    Por detrás dela, uma criança de sete anos carregava um banner onde dizia: Malva Glasses, enxergue como se soubesse Foresight! Ao lado da criança um senhor também exigia um cartaz: SANDRA EU TE AMO.

“Alô! Policia? Sim é isso mesmo pode levar que nós não autorizamos essa publi e não compactuamos com produtos falsificados que a safada da Malva insiste em tentar vender, o outro homem pode deixar! Podemos prosseguir com a entrevista!” A mulher loira falava ao telefone antes de voltar-se ao telão.

    Enquanto a policia realizava a apreensão da criança que tentava se soltar das amarras do sistema, Janna passava o microfone para Fernanda.

“E então Fernanda, nos conte qual exatamente é a situação” pediu a apresentadora.

“Olhe Sandra, eu já estou farta! Faz mais de seis meses que não saio de Shalour com meus amigos, todo mundo sabe que se os Roller Skaters forem vistos na rua sem usar os patins o sindicato das trainer classes nos denuncia e tira nossos benefícios!” Fernanda declarava revoltada com o microfone.

“E me conte mulher, o que esta causando isso afinal? Produção, por favor, outro bloqueio que a Koharu criou um fake novo!” Pediu Sandra.

“Ai Sandra, eu nem sei por onde começar fica impossível sem os corrimãos para nos locomovermos por níveis de terreno diferentes, é que quando você vira roller skater seus pés não ficam mais acostumados ao chão como antes, é biológico sabe? O médico mesmo me recomendou fazer uma manobra por semana para poder continuar andando, mas eles foram misteriosamente desaparecendo da região e agora só restam os de Shalour que já estão enferrujando! E essa semana a Diantha anunciou uma obra na ciclovia de Cyllage de novo?! Eu não aguento mais esse descaso! Desconfio que a Diantha só podia ser Biker antes de virar Champion pra favorecer tanto essa classe” Desabafou Fernanda em lágrimas enquanto a câmera focava nos seus patins.

“Polêmica! Seria Diantha uma Biker e estaria favorecendo a classe em detrimento das outras trainer classes? O que você aí de casa pensa sobre o assunto? Comente no twitter com a hashtag Programa da Sandra!” Perguntou Sandra para uma das câmeras antes de chamar o comercial.

“Eu bem que já vi a Diantha andando de bicicleta uma vez e desconfiei logo que ela era Biker!” Comentou um usuário do twitter.

“Ai eu acho é bom, se até Hoenn que é só água pode ter uma ciclovia decente porque a gente não pode aqui em Kalos?! Nem todo mundo quer pegar táxi em Lumiose!”  Um Biker se manifestava tendo sua conta derrubada logo em seguida.

“Biker? Eu duvido, do jeito que ela andava falando com a Valerie aposto que essa safada da Diantha devia ser bem uma Fairy Tale para ficar contando mentiras desse jeito” Outro comentava.

“Eu aposto que a Gardevoir dela é um Gallade de vestido pra andar de bicicleta junto com ela! Pois sempre achei estranho ela ter uma Gardevoir e um Hawlucha no mesmo time, todo mundo sabe que treinadores fight não conseguem pensar!” Comentou outra usuária.

“E a Korrina?”.

“Obrigada querida, mas eu já comprei meu pano de chão semana passada, tava até em promoção!”.

    Olhando de um lado para o outro, Serena sentia um pequeno incômodo crescendo em seu peito, o programa costumava ser diferente pelo que lembrava, fazia tempo que acompanhava o programa apenas por cortes devido ao trabalho no Centro Pokemon e o investimento em sua carreira.

“Mas ela não resolveu o problema, ou propôs soluções... Não era pra ser diferente? E nós não deveríamos falar ou contribuir com o assunto? Será que estou sendo muito chata?” Serena perguntou em voz alta.

    Wallace ao seu lado observava o celular, seus olhos baixos, enquanto passava pelas noticias principais dos veículos de comunicação de Hoenn que listavam dez motivos pelos quais seu time jamais seria capaz de derrotar Steven, havia sido excluído dos grupos de water trainers de Hoenn quando...

“Me desculpe, você falou algo?” O homem perguntou algo com sua voz soando dispersa.

“Não se preocupe, foi apenas um devaneio meu...”.

“Está sendo um momento muito delicado para nós, Sandra, não sabemos mais o que fazer! Faz meses que nossa filha só fala em pegar Pokemon Grass e que não vê a hora de ver uma Roselia para ensinar Sweet Scent e fica falando de uma tal de Erika que nós não sabemos quem é, e é justamente esse o problema! Você já viu uma Aroma Lady em uma victory road? Em alguma área importante?! Sandra nós não criamos nossa filha pra viver numa rota inicial!” Uma mãe dava seu depoimento comovendo milhares de telespectadores.

“Wallace, senão me engano existe uma Aroma Lady em Hoenn que ficou famosa por dois dias ao se tornar a primeira Aroma Lady a montar uma loja de plantas, lembro de ouvir algumas pessoas contando sobre as mudas que compraram lá serem de boa qualidade” A apresentadora se dirigiu ao homem.

“Sim, mas infelizmente foi barrada by popular demand, pois estava afetando o conceito local das Aroma Lady e levando muitas delas a terapia com Tate e Liza para se perguntarem sobre o seu propósito de vida! Então a região se uniu em petição para derrubá-la e prendê-la por crimes contra o estado” respondeu o homem.

“Mas existe uma moça em Floaroma que conseguiu montar uma loja e...” Serena começaria a falar, mas Sandra adiantou-se sem deixar com que conseguisse concluir seu pensamento.

“Coitada, mas no fim é isso, todo sofrimento para essa classe pelo visto é pouco e para encerrar, lembre-se todos os cinco motivos para não se tornar Aroma Lady:

 1 Você já viu uma Aroma Lady perto da Victory Road? Justamente porque se elas chegassem à liga teria que mudar de nome e virar uma rota inicial de tão fácil que seria!

 2 Usar saião é considerado um crime em muitas cidades de Kalos tornando você uma marginalizada da sociedade e passível de ser presa e deportada para Alola onde ser Aroma Lady é permitido.

3 Aroma Ladies são a classe de treinadores com o maior número de inadimplência na região de Kalos e muitas lojas possuem uma politica restritiva ao encontrar uma em sua loja, é permitido expulsá-la sem qualquer alegação de danos morais por parte dela.

4 Em Sinnoh, assim que a classe surgiu, o Pokemon Roselia quase entrou em extinção devido a grande procura por parte das Aroma Ladies e há relatos que a maioria dos exemplares da espécie não sobrevivia à primeira batalha com elas.

5 As poucas da classe que dizem ter vencido na vida foram Erika e Gardênia, mas se você acha que perfumarias podem ser considerados ginásios e que isso é uma vitória, peço que reveja seus conceitos, pois se elas estão ruins, você certamente está pior.

“Por favor não tragam esse desgosto às suas famílias!”.

“E fale mesmo Sandra, você é muito necessária! Oramos todo dia junto a Arceus e Mimi para que minha Júlia encontre o caminho certo na vida e vire pelo menos uma Harlequin, ficar num ginásio que seja já me traria mais orgulho!” Comentou a senhora junto a um texto do mistério bug.

“Ela vai sair dessa vida minha querida! Tenho certeza!”.

“GENTE: MINHA TIA DESISTIU DE VIRAR AROMA LADY! MEU DEUS SANDRA VOCÊ MUDA VIDAS MESMO!” Comentava um usuário no twitter.

“TUDOOOO, e ela já sabe o que vai ser agora?”Perguntou a outra.

“Bug Catcher”.

“Você está bem?” Perguntou Wallace ao reparar que a garota ao seu lado olhava para Sandra de modo bastante incisivo.

“Eu... Eu não sei... Alguma coisa está errada, sinto que deveria estar grata por onde eu estou, pois torci e pedi muito para chegar até aqui, falei a todos que eu gostaria muito de vir e participar disso tudo, mas não me parece certo! Sinto como se estivesse fazendo drama demais, mas esse sentimento faz tanto sentido para mim agora que não consigo simplesmente ignorar...” A garota comentava pondo as mãos juntas em seu colo com seu olhar perdido.

“Eu entendo... Mas infelizmente não estou na minha melhor versão para dizer-lhe o que pode fazer... Quando a corrente que você tanto quer nadar não flui como o esperado, o que é mais sensato? Insistir, se machucar e se perder de si no processo ou desistir daquilo que você tanto disse que o representava?” O homem comentou apático enquanto o programa seguia.

“E agora iniciando nosso próximo bloco receberemos aqui, ela, a mulher do momento, Sabrina conhecida em Couriway town por realizar projeções astrais e elevar o seu espirito! Com uma demanda de pelo menos 100 clientes por dia! Ela veio ao programa aplicar a técnica nos nossos dois convidados de hoje e com sorte, eles ainda voltam vivos!” Sandra anunciou enquanto das cortinas uma moça com um vestido roxo e um salto de mesma cor dava entrada ao programa junto a trilha sonora que se esforçava para criar um ar mais holístico a tudo.

    Colocando-se diante do sofá, Sandra estalava seus saltos no piso dando beijinhos para a câmera que a seguia até ficar diante da sua nova convidada.

“Mas me diz querida, o que a levou a criar esse projeto?” perguntou a loira.

“Então, Sandra, como você bem sabe ser lider de ginásio em Kanto nem sempre é a melhor das experiências e quando comecei esse projeto queria arrecadar mais uns fundos, porque posso até ser mal sucedida, mas agora pobre? Longe de mim! Então, Arceus me iluminou e eu pensei: vou pesquisar como nossos antigos parentes hisuianos faziam, fui ler e não entendi nada! Mas pensei que através dos Pokemon psíquicos poderia elevar a psique das pessoas, no fim, eu mesma me surpreendi com o resultado porque era pra ser um golp... Digo uma experiência nova! Mas deu super certo!” Sabrina respondeu sorridente enquanto jogava o cabelo para os lados.

“E como anda a demanda do público, eles estão satisfeitos?” perguntou a apresentadora.

“Não se fala em outra coisa lá em Couriway, conversei com vários clientes que me agradeceram por terem vistos seus futuros e outros me agradeceram em sonhos por terem feito a passagem mais cedo e se livrado de suas obrigações terrenas, no fim todo mundo estava feliz!” respondeu a líder de ginásio psíquica fazendo a apresentadora levar um pano aos olhos emocionada.

“Muito bem, Serena e Wallace, vamos testar para ver se essa experiência funciona, produção!” Exclamou Sandra batendo palmas.

“Você não irá testar também, Sandra?” Perguntou a kantoniana.

“Imagina, eu estou muito bem já, obrigada!”.

    Diversas mulheres traziam macas, junto de painéis com estampas holísticas, além de ring-lights que ficavam ao redor, produzindo um pequeno estúdio para onde Serena e Wallace eram encaminhados e foram orientados a deitarem um do lado do outro, ambos pareciam um pouco apáticos, mas de nada importou à Sandra, pois estava apenas conferindo a quantidade de pessoas sintonizadas em seu canal e no twitter, pedindo a alguém que anotasse o relatório.

“Por que veio ao programa afinal? Você nem parece estar tão animado assim” Serena comentou.

“Ah, você sabe, além de eu adorar holofotes e ficar bem famoso por ser a primeira pessoa a adiar a luta contra a Elite 4 na história, as pessoas dizem que você deve experimentar coisas fora da sua zona de conforto pra se encontrar, então eu tentei, mas não está adiantando de nada” respondeu o homem.

“Muito bem, fechem bem os olhos e tentem esvaziar a mente, concentrem-se apenas em um único ponto fixo” A voz de Sabrina foi ouvida por ambos, enquanto fechavam seus olhos e tudo em suas mentes era apenas algo vazio.

    A lider de ginásio retirou uma pokebola do bolso e a abriu revelando um Pokemon psíquico ao seu lado com duas colheres cintilando com a aura psíquica que emanava.

“Combine Hypnosis e Calm Mind!” Pediu Sabrina.

    Erguendo uma das mãos, Pokemon dedilhou no ar criando uma atmosfera que reluziu uma energia calma, ao agarrar sua colher, a moveu pelo ar como se mexesse um caldeirão a impregnando com aquela energia e com o outro braço uma outra energia em espiral dominava sua colher esquerda, ao cruza-las emanou um emaranhado de um poder azulado e arroxeado contagiando os dois que viram em suas mentes uma gota que não fazia parte de sua imaginação cair diante de um cenário preto, ressoando como se caísse em um rio e dando vida a sensações que ambos continham dentro de si.

(por favor deixe em looping)

    A visão de Wallace escureceu, e o homem se viu embalado por ondas em uma espécie de vazio ao qual ele não sabia como havia chegado, as fitas ao redor de suas roupas não se moviam mais como se tudo houvesse parado, as ondas passavam por ele e antes que pudesse ponderar sobre o que significava sentiu o ar lhe faltando, levou as mãos ao pescoço em desespero com a sensação de suas narinas enchendo-se de água e então: ele caiu.

    Estando de pé sob as memórias de um Wallace que agora era apenas uma versão que deixara para trás, o homem observava um garotinho filho de pescadores em Sootopolis ajudar seus pais a pescar por entre a área costeira da cidade que ficava cercada por um paredão de rochas unidas a corais que só podia ser acessada através do mergulho.
    Sootopolis era uma cidade humilde que sobrevivia de pesca e recursos encontrados no mar de embarcações e outras cidades da região que vinham ali pegar ingredientes especializados, para algumas produções, a interação com Pokemon na região era pequena, diziam que a cidade um dia chegara a ter planos de um ginásio para atrair mais visibilidade, mas o líder fora embora antes de oficializar-se como tal.
    Wallace via as belezas que a água era capaz de tocar, o modo como sentia o vento, a liberdade e o movimento das águas era algo tão... belo, aos dez anos tinha tantas perguntas sobre o mundo, o que iria ser quando crescer? Que tipo de coisas gostaria? Iria ficar em Hoenn para sempre? Se casaria ou teria filhos? Todas essas perguntas repousavam em seu peito e se agitavam em agonia, mas ao olhar a imensidão das águas, algo na imponência com que o mar ia e vinha, o fazia crer que seus sentimentos por mais assustadores que fossem, ainda era uma imensidão que valia contemplar.
    Mas ao tentar falar disso com o resto de sua comunidade não conseguia se fazer entender totalmente.

“Interessante? Na água?! Olhe ao redor, Wallace, estamos em Hoenn o que não falta aqui é água!” Um dos seus amigos dizia enquanto ambos estavam sentados sobre rochas na praia, o menino tentava contar sobre suas aventuras fora de Sootopolis com seus pais

“Eu sei... mas... você não consegue reparar? Quando vejo os Pokemon nadando com tanta liberdade e confiança, sinto no meu peito como se meu coração quisesse entende-los... Sinto como se fizesse sentido deixar fluir e...” O menino comentava diminuindo sua voz a cada vez que via a expressão de deboche no rosto de seu amigo.

“Você sente no seu peito? Eu não consigo entender! Todo mundo sabe que treinar Pokemon de água em Hoenn é a pior coisa que pode querer, todo mundo aqui já viu tudo o que eles sabem fazer, mal vejo a hora de sair dessa região e ir pra Galar ter batalhas com treinadores de verdade!” Disse o menino que sonhava em lutar na grande liga da região industrial.

    Wallace não desgostava da profissão dos seus pais e do seu modo de ver o mundo, eles não destratavam seus sonhos e vontades, tampouco o incentivavam, ainda assim todos os dias em que ia dormir o garoto entrava em um grande conflito de qual seria o caminho certo para ele? 
    Quando podia via e revia batalhas em busca de um treinador em Hoenn usando water types pelas televisões dispostas em bares pela cidade, via apresentações de Coordenadores para tentar alguém que o fizesse tão bem, mas no fim do dia...

“Eu ainda queria mais” As palavras saíram da boca do Wallace agora adulto como bolhas e uma corrente marítima o puxava para cima, abrindo os braços ele se deixou levar pela torrente.

    Pairando bem acima de uma cena que se lembrava tão bem, como se fosse ontem, dois anos após seus questionamentos e vontades não cessarem, aprendera com o tempo a não falar muito sobre o que pensava e enquanto abraçava os joelhos contra o rosto, pensando no porque sentia coisas tão diferentes, no porque era tão diferente das pessoas que conhecia, no porque elas não conseguiam entender o que queria desesperadamente contar.
    Observou uma onda maior que o normal se formar, como se acompanhasse o fluxo de seus pensamentos enchendo-se de questões e quebrando contra um rochedo a sua frente, bem como soava todas as vezes em que tentava pensar em um modo de se fazer entender, era impossível, entretanto após a onda um barulho de algo batendo surgiu em meio as ondas e os seus pensamentos, algo novo.
    O garoto saltou entre as pedras indo até o local e vendo que no meio da pedra atingida pela onda havia um buraco onde um Feebas estava preso, provavelmente fora trazido pelo mar, por mais que tentasse nadar e pegar impulso o peixe não conseguia saltar alto o bastante.

“Wow, essa é a primeira vez que fico tão próximo de um Pokemon! Mas entendo como se sente, vem, vamos tirar você daqui”.

    Wallace inclinou-se por entre a pedra, tomando cuidado para não assustar a criatura que o fitou nos olhos buscando algum vacilo em sua expressão, determinado, o menino continuou seu lento avançar enquanto tentava transmitir sua confiança tomando o peixe em um abraço, este debateu-se inicialmente, mas logo relaxou enquanto o menino o colocava de volta no mar.
    Feebas ao sentir a liberdade das águas novamente, deu alguns círculos em torno de si mesmo sorrindo e virando-se para ver Wallace que achava graça da situação aplaudindo o pequeno.

“Você é muito fofo! Já sei, que tal brincarmos um pouco?” Wallace perguntou enquanto erguia-se na pedra preparando para mergulhar.

“Fee-Fee...bas? Feebas!”.

    O peixe aceitou, e então, o menino e o peixe brincaram por bastante tempo na água, onde pela primeira vez Wallace sentiu o grande pesar de sentimentos diminuir em seu peito, as ansiedades diminuíram em relação a imensidão da água que o engolia de tal forma a mostrar seu tamanho perante tudo o que não havia visto ainda no horizonte e no fim de tarde com Feebas teve a certeza: faria algo para mostrar a todos sua visão, nem que para isso precisasse fazer de tudo.

“Feebas, você vem comigo?” Estendeu a mão para o peixe.

“Feebas?! Fee-Feebas!” Concordou sem entender.

“Para mim está bem, será que meu pai consegue comprar uma Pokebola?”.

“Uau, eu... Eu ando pensando o tempo inteiro em como quero realizar esse objetivo e na possibilidade de falhar, como quero que os water type mereçam uma visibilidade maior em Hoenn, como nas outras regiões, que esqueci memórias importantes... Detalhes tão pequenos como o fato de Milotic quando Feebas ter dificuldade em usar sua nadadeira direita... Detalhes que se perderam na minha própria obsessão... Será que consigo atingir essa inocência de novo? Ou já estou perdido?” Wallace sentiu seu questionamento reverberar por dentro de si como a superfície da maré ao ser tocada pelo vento, mas ao invés de perder, a perturbação em seu oceano interior parecia ir até zonas abissais buscando ter suas perguntas respondidas, mas o homem ainda não sabia o que responder.

    A escuridão dominava a visão de Serena, em sua projeção ainda não havia chegado em lugar algum, tudo o que podia sentir eram rabiscos e distorções que passavam por si, sem que ela tivesse certeza do que ocorria, como se tentasse desenhar algo ao seu redor que nunca conseguia de fato tomar a forma.

“Sandra...” Ouviu um sussurrar fraco que ecoava ao seu redor como se estivesse em uma cabine acústica.

    Sentiu seus braços serem projetados para frente sem que pudesse controlá-los quando um brilho multicolorido irrompeu por trás de suas mãos, conseguindo perceber a luz mesmo que suas pálpebras estivessem fechadas, e dando vida a uma Key Stone.
    O brilho da pedra irradiava e parecia permitir a Serena finalmente abrir seus olhos, vendo-se em uma espécie de plano feito de nuvens em tons de lavanda.

“Sandra...” A voz voltava a chamar, entretanto a garota conseguia vislumbrar o vestígio do que parecia ser alguém clamando por algo.

“Meu deus eu não acredito, eu morri mesmo! Ai senhor tinha tanta coisa pra eu realizar na minha vida, mas pelo menos morri em rede nacional, minha mãe não vai demorar a saber e...”.

“Você consegue me ouvir? Como você chegou aqui?” Com a forma cada vez mais firme, a alma voltou-se para a garota que a encarou, a Key Stone continuava brilhando de forma fraca em sua mão esquerda.

    O que antes eram nuvens tom de lavanda, agora tornavam-se pouco a pouco, araras lotadas de roupas e figurinos para um programa, assim como adereços de cabeça, fantasias e outros tipos de apetrechos para compor roupas e pouco a pouco, a forma em sua frente ganhava um rabo de cavalo e outros detalhes que a deixavam mais humana.

“Bem eu... Sou a Serena, e eu estava fazendo uma projeção astral com a Sabrina no programa da Sandra, mas acho que algo deu errado e infelizmente eu morri... Só não imaginei que eu teria tantas opções de roupa pra vestir no além, achei que quem morria ficava logo com a roupa do corpo, mas ai já que posso escolher, então vamos montar algo que vai impactar!” A menina animou-se começando a andar por entre os corredores de roupas.

    Observando a Key Stone na mão da garota, o espirito pareceu entender como ela chegara ali e com um sorriso melancólico, voltou-se para a menina antes que essa se perdesse pelo corredor.

“Escuta, você não morreu, perdoe por estragar sua projeção, mas acho que sua Key Stone provavelmente deve ter sincronizado nossas energias, e eu sei que talvez seja pedir muito... Mas talvez eu possa finalmente descansar se puder me ajudar” A moça falou com o pesar puxando suas palavras que saíam carregadas de certa dor.

    Colocando os cabides de volta nas araras, a menina fez que sim.

“Tudo bem, como posso ajudá-la?”.

“Eu me chamo Patrícia, bom... Eu e Sandra tínhamos um sonho muito grande de ter um programa que contasse às pessoas as verdades e maravilhas de Kalos, com roupa bonita e bem feito é claro, por que quem vai acreditar em gente feia? Então nos unimos e enquanto ela organizava as pautas numa espécie de jornal local comentado nas ruas, eu dava uma identidade visual ao programa e criava os figurinos, conseguimos dar voz a muitas causas e pessoas dentro da nossa caminhada, até conseguirmos um contrato oficial com uma emissora, mas você sabe como funciona a indústria por vezes... É complicado manter-se no topo e enfrentar pessoas com mais poder do que você”.

“Tínhamos visibilidade do povo, mas pouco importava quando rejeitávamos divulgar certas marcas e indústrias por sua falta de comprometimento com a região, em retaliação diminuíam nosso alcance comprando nossa audiência com empréstimos nos bancos que não conseguíamos sustentar, diminuíam nossas ofertas de publicidade o que tornava inviável manter o programa, compravam os horários bons de transmissão nas emissoras e éramos forçadas a trabalhar muito mais para que o programa ficasse interessante trazendo fofocas e noticias para que as pessoas se importassem com o nosso programa e nos acompanhassem, mas sem nunca perder a ideia da participação do povo, porém de tanto trabalhar um dia no vestiário simplesmente senti minha vida indo embora” A alma continuava a falar.

“Meu deus, você deve ter sofrido muito, eu lamento” Serena colocava a mão no peito compadecida.

“Olha na verdade sofri mais em vida do que pra morrer, enfartei em cerca de 15 minutos e quando percebi já estava mais leve, mas enfim, acordei aqui com uma certa culpa, pois não queria ter deixado Sandra sozinha nessa situação... Sem mim para lutar ao lado dela, sem ninguém para conversar e se vendo com a alcunha de sustentar o que nós duas criamos creio que ela não teve outra alternativa a não ser dançar conforme a música que tocavam para ela, mas sacrificou a integridade do que nós duas sonhamos para o programa, sacrificou suas próprias convicções e só o que posso fazer é assistir sem realmente poder interferir o que me destrói ainda mais!” A dor embargada da mulher quase podia ser sentida pela garota.

“E... O que eu posso fazer?” Serena perguntou começando a se sentir impotente.

“Olhe, eu conheço Sandra, sei como ela é orgulhosa e dificilmente cederá de primeira se você a tratar com pena, por isso creio que será necessário ser mais... Incisiva com ela, mas se puder sustentar e permitir com que ela entenda que você enxerga esses sentimentos creio que já é o começo para que ela própria perceba o que pode fazer de diferente daqui por diante” Patrícia pediu à Serena.

“Bom, eu gosto muito do programa, e me lembro muito bem que apesar das fofocas serem minha parte preferida, a liberdade de opinião sempre foi algo que era tratado com muito importância e hoje ao sentir que ser convidada no programa era meramente ficar sentada sem fazer nada... Percebi que havia algo errado, portanto farei o que for possível” Serena respondeu tentando reunir coragem em seu peito para desafiar uma de suas maiores ídolas.

“Muito obrigada, Serena, você não tem ideia do quanto me alivia ao ouvir isso, não sei como, mas você ganhou poderes incríveis e por favor, não os esqueça!” Patrícia comentou segurando as mãos da menina que retribuiu o gesto.

    A silhueta da figurinista iluminou-se com um brilho esbranquiçado e desfez-se em luz, refletida nos olhos da aspirante à famosa que acompanhou os fragmentos luminosos irem para sua Key Stone, a pedra ganhou um brilho ainda maior como se tivesse sido acabado de ser polida e em seu peito conseguia sentir um abraçado acalentador e compreender um pouco mais tudo o que aquele programa significava para Sandra e Patrícia.
    Mesmo sem saber como seus poderes haviam ajudado alguém novamente.
    Os poderes que ganhara com Espurr, e então um pensamento surgiu em sua cabeça: será que um dia conseguiria falar com ela novamente? E adormeceu no peito da garota como uma certeza tímida.
    Os dois convidados abriram seus olhos após cerca de quase uma hora.

“Ai graças a Arceus vocês estão vivos! Sabrina foi até embora com medo de ser processada, inclusive muito obrigada pelo serviço, Abreu, mas nós não precisamos mais da clausula que assegura que qualquer morte durante o programa é de responsabilidade da pessoa que morreu e não do programa” Sandra comentava aliviada enquanto o advogado levava os papéis embora.

“E então como foi a experiência? O que será que nossos convidados terão sentido? Você descobre tudo isso após os comerciais!”.

    Wallace já não se sentia um peixe tão fora d’água após a experiência, agora era como se estivesse caminhando de volta à maré a qual fazia parte, mas sem saber se ainda era seguro mergulhar, perguntaria a Serena o que a garota havia visto em sua projeção quando a viu levantar em direção a Sandra com determinação.

“Oi... É... Com licença... Você poderia me ouvir por um instante?...” Sem saber como começar, a menina tentava escolher as palavras certas.

“Sim, o banheiro é bem ali, mas só tem cinco minutos pra usar e sinto que agora você não vai conseguir, pois esse é o horário do Januel o assistente de câmera principal chorar por sua vida não ter dado certo assim como todos os seus sonhos e...” A apresentadora respondeu sendo interrompida pela garota.

“Não é bem isso, é que eu gostaria de falar um pouco sobre como está sendo minha experiência no programa, sabe, não estou me sentindo muito confortável, pois sinto que você não deixa eu e o Wallace falarmos nada além do que é certo para você... Sei que não sou produtora de nada, mas sabe quando eu via o programa antes...” A menina começou a falar sustentando o olhar, porém viu a expressão no rosto da mulher a sua frente mudar.

“Você o que?! Como ousa vir aqui e criticar o meu programa na cara dura desse jeito, estou te dando uma oportunidade para ter uma carreira! Você já viu os números da sua conta no Poketubers?! Você já ganhou 2000 seguidores só por ficar sentada aqui!” Bradou a mulher.

“Não estou criticando, estou tentando mostrar como me sinto, sabe é que antes quando eu assistia sempre me surpreendia com o seu programa dando a liberdade para os convidados em relação aos outros, e sinto que essa era a essência do programa e o que o tornava único, mas vindo aqui senti algo totalmente diferente e sei que você mesma já percebeu isso” Sentia que desafiar Sandra era algo que nunca imaginou fazer em sua vida, mas uma semana antes havia quase morrido em batalha o que lhe dava alguma coragem para fazer aquilo.

“Essência? Você tem noção da dificuldade que enfrento para manter esse programa vivo para vir pessoas como você criticar tudo o que estou tentando fazer! Você deve viver em um mundo muito colorido para ainda acreditar que as coisas são tão simples quanto parecem” Sandra comentou adicionando um tom de desdém a sua fala.

    Estava diante de uma das suas maiores ídolas, em um programa que por vezes fora sua alegria por dias, sentiu que em outro momento, teria apenas fugido e não teria coragem para tomar uma atitude, mas lembrou da conversa com Patrícia e do próprio sentimento que carregava consigo e decidiu que hoje seria divertido.

“Sei que sou muito inexperiente ainda, que a vida não é tão simples quanto as minhas palavras, mas quando se sacrifica tudo de si para manter algo, aonde fica o valor da sua própria causa?” As palavras da garota pareceram irromper pelos ouvidos de Wallace e ele foi capaz de senti-las como uma enxurrada.

(deixe em looping durante a batalha por favor)

“Você é apenas uma aspirante à performer, eu vi tudo sobre você antes de pisar neste programa, quantas pessoas assim como você se inspiram na Seraphine todos os dias? Acha mesmo que copiar tudo o que ela faz sem criar uma identidade vai te dar quantos aplausos? Quanto tempo vai levar para você cair como todas as outras? Você não faz ideia de como tudo isso funciona! Mas eu vou te dar um gostinho do que é de verdade a indústria do entretenimento!” Rugiu a apresentadora tirando uma pokebola do bolso e a tornando maior com um rodopio em torno de sua própria figura atirou a esfera libertando Clefable, que com suas asas e grande porte colocou-se diante da mulher.

“Acho que agora entendo o motivo de Mawile estar tão chateada... Se eu fraquejasse agora nessa situação sem dar explicações eu provavelmente me chatearia muito comigo mesma, preciso resolver isso assim que tiver terminado aqui” Pensava a garota com algum medo fazendo seu coração bater mais rápido, entretanto sem fraquejar retirou uma pokebola do bolso.

“Honedge, por favor! Eu preciso de você!” Soltando a pokebola para cima, anunciou com a voz firme.

    A espada vazou para fora do objeto desembainhando-se com o lenço branco do cabo e pondo-se em guarda para o combate apontando para a fada e sua treinadora, Serena nunca havia visto Sandra lutando na vida, por isso manteve o olhar fixo a apresentadora para não perder algum detalhe.

“A resiliência dela... Me lembra a resiliência de um certo alguém...” Wallace observava a garota ainda parado de sua cadeira admirado com a capacidade de Serena de apenas tentar.

“Você não passa de uma garotinha achando que sabe algo da vida, já tentou pensar se realmente quer ser performer? Eu olhei seu perfil e achei... Engraçadinho o que você faz! Mas sejamos sinceras isso é realmente você ou apenas para algo que faz para alcançar a Seraphine? Mas e quando tiver fãs? Por quanto tempo eles vão aplaudir você? Clefable vamos iniciar com Gravity!” Sandra comentou erguendo a mão e iniciando o combate.

“Clefa-Clefable!” A fada moveu-se de um lado para o outro, suas asas exibiram um brilho púrpura que contagiou suas mãos enchendo-se de estrelas, a cada pisar que realizava no solo uma distorção surgia engolindo aquela área até Serena e fazendo seu pisar fraquejar e o eixo de gravidade de Honedge ficar volátil atrapalhando o flutuar natural da espada.

“O que esta acontecendo?! É difícil até para mim manter algum equilibro... Mas bem Honedge apesar de feita de aço também tem um outro lado... Cubra-se com a energia espiritual e avance usando Shadow Sneak!” Serena gritou erguendo a mão pensando o máximo que conseguia.

    Girando em torno de si, a lâmina de Honedge embuiu-se de uma energia fantasmagórica em tons roxos mais escuros, o que a possibilitou ignorar as leis do espaço estabelecidas pela oponente e disparar com a ponta da lança brilhando ansiosa para encontrar um alvo.

“A primeira coisa que você sente ao entrar nesse jogo é a gravidade, você parecia ter todo o controle do que queria na sua vida conseguindo vislumbrar o chão aos seus pés, mas de repente... Tudo perde o foco e é complicado encontrar o seu eixo... E o que você faz? É óbvio! Você precisa seguir em frente, observe-o bem Clefable e use Follow Me!”.

    Honedge disparava com precisão em direção a oponente, esta não tirava seus olhos dele e então levando uma mão a lateral do corpo e empinando, a fada logo soprou um beijo que explodiu em uma saraivada de luzes contagiando os olhos da espada, esta agora desejava apenas ir em direção a Clefable de forma incansável.

“H-Honedge! O-O que esta acontecendo com você?! Se for de uma forma tão reta ela vai desviar!” Pediu a garota sem conseguir fazer sua voz chegar ao seu Pokemon.

    Com seu centro de gravidade prejudicado e só conseguindo ver a fada a sua frente, Honedge disparou com tudo em direção a Clefable que desviou com facilidade movendo-se para o lado enquanto o Pokemon metálico acertava o chão levantando alguma poeira.

“Droga, ela não pode obter todo o controle da batalha senão será nosso fim, mas ela ainda não usou nenhum movimento de dano, portanto use Screech e desoriente-a!” Pediu a garota.

“Mas já esta pensando no fim?! É apenas o começo, pois uma vez que você segue para frente atrai algum público, patrocinadores e tudo vira parte de um sistema que é maior do que o seu simples sonho, pois não é mais um simples objetivo que você tem ao ir dormir, agora é tudo que você é e para não perder o que conquistou, você repete! Clefable ENCORE!” Sandra comentou e em seus olhos podia-se ver que as palavras soavam quase como um desabafo.

    Clefable sorriu para as câmeras e então começou a bater palmas, de modo ritmado compondo uma harmonia que se estendia para todos os presentes e tornava-se cada vez maior para Honedge, ela sentia que deveria continuar agrando o público, as palmas da fada criaram uma esfera translúcida que foi atirada com uma pirueta.
    Ao ser atingida Honedge sentiu seu corpo ser obrigado a repetir o ato anterior disparando contra Clefable novamente com o blitz de energia fantasma, a fada novamente desviou rodopiando para os lados enquanto graças ao Encore, Honedge voltava a realizar o mesmo movimento.

“Você me fala sobre essência como se fosse melhor do que eu, qual o direito você tem de criticar o que faço quando você nem faz algo original que seja reconhecido por alguém? Clefable, Metronome!” Disparou a mulher e as palavras atingiram algo em Serena que não se deixaria ser vencida daquele modo.

“Sabe Sandra, já me julguei muito procurando quem sou e o que eu deveria ser, mas aceitei que eu estou apenas começando! Honedge escute a minha voz, eu conheço sua natureza e sei que é capaz de acertar qualquer ataque graças a sua habilidade, portanto, não importa o que Clefable esteja te influenciando use Screech enquanto estiver dentro do Shadow Sneak!”.

    Em meio a um de seus avanços, Honedge conseguia perceber a voz da garota e utilizando da energia fantasma de seu movimento, conseguia aos poucos sair do feitiço da fada e passou a emitir um ruído parecido com um chiado incomodava sua oponente e baixava sua defesa, pouco a pouco diminuía sua investida até que tudo cessasse.

    Clefable, no entanto, fazia uma dança com suas mãos que eram envoltas por uma energia azulada em formato de esferas translúcidas e assim que a finalizou sentiu uma aura sombria envolver suas asas que instigaram pulsos de energia maligna em seus braços, juntando ambos, ela disparou uma sequência de anéis obscuros que rumavam contra seu oponente.

“Honedge desvie para baixo!” Gritou a menina lembrando-se que a distorção da gravidade a ajudaria, enquanto a espada amaldiçoada mergulhava para baixo escapando dos pulsos de energia que buscavam por ela.

“Droga, prenda-o com Follow Me agora!” Sandra bradou elevando seu tom de voz.

“Siga seu próprio ritmo Honedge, Swords Dance!”.

    Clefable, almejando traçar a trajetória feita pelo oponente, preparou-se reunindo energia mágica, com a mão envolta da cintura ela soprou um novo beijo que se dividiu em uma infinidade de luzes, porém, Honedge dessa vez erguia sua bainha realizando uma dança em torno de si mesma que polia sua espada e a dava maior capacidade ofensiva, ocupado demais com o próprio ritmo, a espada ignorava o clamor de atenção da oponente.

“Sandra, nunca quis dizer que o que fazia não exigia algum esforço, que a realidade não oprime a cada um de nós, mas você não foi obrigada a entrar nesse mundo, você entrou nele com um objetivo e gostaria de fazer a diferença de algum modo, é complicado manter-se lutando o tempo todo sozinha e é sim possível perder o foco de onde concentramos nossos objetivos, o que estou perguntando é: com todo o conhecimento, apoio e influência que você tem hoje, não há mesmo mais nada que possa fazer pelo objetivo que sonhou em construir?” As palavras de Serena fizeram com que o tempo parasse por alguns instantes para a apresentadora e o aspirante a campeão.

“Metronome!”

    Movendo novamente seus braços como se segurasse pompons de líderes de torcida, Clefable viu seu corpo ser envolvido por energia elétrica e partiu em direção a Honedge com um blitz de correntes elétricas poderosas determinada a descarregar o ataque em seu oponente,.

“Clefable já está cansada de tantos comandos seguidos, mantenha-se próximo ao chão, e assim que ela aproximar ataque de cima para baixo usando Night Slash!” Pediu a garota.

    Notando que Clefable não era afetada pela distorção de gravidade por tê-la criado, Serena manteve Honedge próximo ao chão conforme o avançar da oponente e utilizando-se do eixo distorcido a espada projetou-se para cima mais rápido que o esperado, sacando sua espada que brilhou como se pertencesse a um céu obscuro e estrelado, Honedge girou e acertou um movimento certeiro contra a fada.
    Acertando-a bem no meio de sua barriga e a pressionando contra o solo enquanto as descargas elétricas por não terem achado um alvo descarregaram sua energia na própria Clefable que ao sentir todas as dores gritou em meio a explosão e logo após fora revelada inconsciente.

“Wallace, seu estilo é tão bonito... O modo como enxerga o mundo é fluído e eu fico tão curioso por batalhar com você, pois não consigo ser assim, preciso ter algum controle, porém o modo como faz tudo ao seu redor soar como um convite ao mar é uma das coisas mais lindas que já vi!” Steven o campeão de Hoenn dizia em uma das memórias do homem que sentia seu coração palpitar.

“Lamento por qualquer problema, obrigada também por me possibilitar os seguidores e devo dizer que levarei um pouco das suas palavras em consideração, mas não ficarei mais para o resto do programa” A menina comentou retornando a espada e a parabenizando.

“Serena, eu gostei muito de conhecê-la eu agradeço imensamente, posso te mandar uma mensagem qualquer dia desses?” Perguntou Wallace.

“Claro, será um prazer”.

    Sandra, no entanto, observava a garota sem palavras, sentiu que a muito tempo não tinha uma interação onde alguém dissera mais do que ela conseguia podar e percebeu o quanto sentira falta disso.

    O sol começava a se por, uma brisa fria soprava por entre a cidade fazendo balançar a copa das árvores ao redor e levantava flores de Flabébé que seguiam o vento para onde quer que ele as levasse.

    Serena estava sentada em um banco de uma praça em Santallune, seu pé direito estava no chão enquanto o esquerdo estava apoiado no próprio banco, mantinha seu cotovelo em seu joelho esquerdo e observava o centro da cidade com uma pokebola em mãos e uma sensação de vazio que se misturava com várias outras em seu peito que quase a faziam querer vomitar.
    Apertando o centro da esfera ela liberou Mawile, enquanto a metálica surgiu de costas para ela, passando a também observar o centro da cidade.
    Ambas em silêncio.

“Me desculpe pelo que aconteceu antes... Eu fraquejei durante a batalha, e deixei você na mão esperando por um comando meu... e logo após não me expliquei ou falei sobre isso esperando que você simplesmente me compreendesse, fui muito injusta com você e gostaria mesmo de me desculpar” A garota comentou sua voz um pouco embargada.

“Mawii” Virando-se para a garota, a metálica encontrou a verdade das palavras no olhar de sua Treinadora e relaxou os ombros “Mawi-Mawilee, Ma” (Me desculpe também, eu poderia ter sido um pouco mais compreensiva).

“E... Também gostaria de pedir ajuda... Tive de reunir muita coragem agora há pouco, mas mentiria dizendo que as palavras de Sandra não me afetaram... É só que... Me sinto diferente! Sinto que em outro momento eu me desesperaria e me culparia, mas agora... Só me sinto diferente e isso é o que está me dando vontade de chorar” Serena comentou para a Pokemon que sentou-se ao seu lado no banco para ouvi-la.

“Eu a assisti durante toda a vida... Eu sonhei em encontrá-la, passei o último mês perseguindo essa ideia e hoje nada saiu como o esperado, desafiei uma das pessoas que mais admirava e percebi que não gostaria de ser como ela apesar de ter dito isso inúmeras vezes, e apesar disso preservei meus sentimentos, é um sinal de que cresci?” Perguntou a garota enquanto uma lágrima escorria por seus olhos.

“Mawi-Mawille” A metálica respondeu sem saber.

“Eu entendi que ela estava com raiva quando disse para mim sobre a Seraphine, mas parte de mim concorda... Parte de mim sente que apesar de gostar da Seraphine, da Ária, da Sandra e de tantas outras não posso me esconder atrás delas para sempre, não quero fugir e deixar você na mão novamente, eu desejo ficar e lutar...”.

“Apesar de me sentir hipócrita depois do discurso que fiz à Sandra... Me sinto tão perdida por nem saber o que criar uma identidade para mim no fundo significa, ainda sonho em ajudar e inspirar as pessoas, em ser vista de alguma forma! Mas me sinto tão sozinha de mim mesma, por uma parte do que conheço sobre mim mudar tão repentinamente para realizar isso, e apesar de não saber mesmo o que será daqui para frente eu... eu quero tentar! E eu quero perguntar se você pode estar comigo?” Perguntou a garota para a fada metálica enquanto algumas lágrimas desciam por seu rosto.

“Mawi-Ma Mawile Male!”(Eu também não sei o que será daqui para frente, assim como nos encontramos pela primeira vez,  e como antes eu continuarei descobrindo com você) e dito isto Mawile segurou a mão da menina e ambas encostadas uma na outra assistiam ao pôr do sol.

    Em Laverre, uma mulher caminhava em meio a uma casa que se assemelhava a uma casa de bonecas, porém numa versão expandida, havia cartazes e pichações por todos os lados:

“Cuidado! Pessoa irrelevante a solta”.

“Valerie é o sexto ano que não entro na liga Kalos, mas todos os dias agradeço a Arceus por existir gente pior do que eu como você”.

“Valerie, vi que você estava andando aqui na minha rua esses dias, só queria avisar que eu tenho plantas e elas são muito sensíveis então tenho medo de morrerem por conta do seu fracasso”.

    Diantha olhava de um lado para o outro sendo encarada com nojo pelos moradores de Laverre ao se aproximar da porta, a mulher bateu três vezes aguardou por alguns instantes, a porta se abriu e com um suspiro profundo, adentrou o ginásio.

Notas Finais: Espero que tenham gostado e me desculpem pelo tamanho do capítulo e a demora para postar, esse capítulo passou por INÚMERAS reescritas pois foi escrito num período complicado para mim, então espero que gostem e me perdoem qualquer coisa, comentem o que acharam e muito obrigado por terem chegado até aqui, espero que o próximo não demore tanto <3