Wally e o Desejo de Jirachi! Capitulo 1: Está ouvindo?

 Notas iniciais: eu sei, uma nova história? Eu também não sei, mas por enquanto essa ideia realmente veio a mim e me inspirou por um longo tempo, e espero que deem uma chance e queiram descobrir esse mundo junto comigo. Então, acompanhem Wally em sua primeira aventura por Hoenn.

Wally e o Desejo de Jirachi!

Capítulo 1: Está ouvindo?

Mossdeep city, localizada em uma ilha na região de Hoenn. Uma terra composta por biomas coexistindo juntos num clima diverso e mutante. Grandes monções de chuvas, tempestades solares, vórtices de areia e até mesmo chuva de meteoros ocorriam em um só dia em diferentes partes do continente.

Nesta ilha o nível da tecnologia era avançada, e graças a localização geográfica combinada com os grandes aparatos, os estudiosos desenvolviam pesquisas almejando estudar os limites do espaço e suas interferências nesse continente. Apesar das grandes descobertas a respeito dos pokemons de Hoenn, ainda não era possível explicar e prever as forças naturais que assolam essa terra.

Havia uma garota de mechas azul escuro caindo por sobre a orelha e coque feito por um laço, Liza, filha de Brandy Almeida: um importante pesquisador do centro especial de Mossdeep.

Estava escondida na biblioteca do lugar e agachava-se no fim de um corredor repleto de estantes lotadas de livros contendo teorias e mais teorias sobre o espaço. Com pesquisas indo de Sinnoh até Paldea, mas não era por isso que estava interessada.

Segurava em suas mãos um livro robusto, de capa esverdeada e texturizada como se fosse um cristal.

 No título lia-se: Diário de Góduel, um pesquisador famoso e respeitado que, nos tempos antigos, viajou por Hoenn documentando as estrelas do céu. Buscando no espaço as respostas para a abundante energia natural existente nessa região.

Mas diferente do que se podia imaginar, o diário não continha registros secretos sobre suas pesquisas e sim poesias, poesias feitas por ele para as estrelas em momentos de ócio nos seus trabalhos.

Ocultismo era quase um tabu para os pesquisadores daquele Centro de Pesquisa, mas aquele livro provavelmente passou pela curadoria por pensarem tratar de mais um dos vários publicados por Góduel sobre seu instrumento de pesquisa.

“Espero que o Tate não me encontre agora!” Resmungou a garota de 15 anos.

Mantendo seus olhos fixos no objeto, Liza nem precisou pensar, sua mão folheava o livro virando de três à quatro páginas de uma vez, até chegar na 67. Encontrando a poesia que mais gostava de ler em momentos complicados:

Consegues ouvir?

Olhando para ti, conto que sim.

Veja a sensação, de peito aberto!

Teria como haver caminho mais certo?

É Hoenn, chamando a que veio.

De dentro da natureza, o que brota vai muito além de um desejo.

Mas não tema, Jirachi há de se levantar.

Só irão se preocupar aqueles por quem ela conseguir chamar.

 

Do outro lado da região, Verdanturf, uma pequena cidade localizada ao leste da grande metrópole de Mauville, destoava de sua vizinha ao apresentar uma grande integração com a natureza presente na rota 117 que interligava ambas as cidades.

Sendo famosa por seus produtos naturais como flores, cosméticos e medicamentos produzidos com recursos naturais cultivados ali em parceira com pokemons como Roselia e Oddish. Pesquisas eram conduzidas pelos laboratórios da Devon que se utilizava dos recursos para implementar programas de tratamento para uma gama de enfermidades.

Apesar do lado clínico, a cidade também era famosa por abrigar um estádio para os Contest Pokemon, uma competição dedicada aos amantes de combinações e maneiras diversas de apresentar seus pokemons.

Neste momento, em uma das casas próximas a uma loja de produtos medicinais, a televisão da sala estava ligada em um painel de madeira em tons amadeirados. Nas prateleiras do painel repousavam porta-retratos com fotos de um garoto de cabelos verde em diversas épocas de sua vida.

Uma quando bebê, outras posando em frente a um recife de corais com sua mãe e outra ao lado de Hop seu melhor amigo.

“Audino! Vai começar a final, é a Dawn contra a Lisia! Vem logo!” Wally, um menino de cabelos verdes, anunciou do sofá.

Com a mão esquerda, o garoto aumentou o volume da televisão ao clicar no botão azul do controle e com a outra mão segurava um inalador portátil, após fazer a sua sessão diária com o aparelho.

“Dino-Dino!” Uma pokemon em tons de rosa e amarelo surgiu da cozinha com uma tigela de pipoca e suco feitas para ela.

Era a final da Copa Wallace, uma edição especial de um torneio comandado pelo Anfitrião que dava nome a competição, o coordenador que vencesse a competição poderia utilizar a fita para participar da temporada de contests de qualquer região daquele ano.

“Para esta final temos aqui uma veterana do nosso torneio, Dawn! Ela venceu a edição de Sinnoh e novamente conseguiu nadar nos mares de Hoenn, dispensando mais apresentações, recebam-na com muito carinho!” Um homem de cabelos em tom ciano comandava o show girando enquanto as fitas do seu manto lhe davam um tom exotérico.

O líder de ginásio deslizava por um barquinho, quando as ondas se abriram revelando um palco com três plataformas. A primeira ficava a direita, onde surgia Dawn utilizando um vestido rodado em tons azul escuro. No centro do palco principal um terreno de areia cercado pela água e do outro lado outra plataforma onde a próxima coordenadora entraria.

 “E a outra finalista é Lisia, que teve uma carreira sólida na última temporada chegando as finais do Grande Festival de Hoenn! Já está começando esta temporada com um grande splash!” Wallace sorriu apontando para a direita enquanto as mares se abriram como cortinas, chovendo pelo estádio e revelando a coordenadora.

“Incrível! É o primeiro contest da Lisia desde a derrota ano passado, quais serão as novas combinações?” Wally perguntou com os olhos brilhando em direção a televisão.

“Audino Dino?!” Audino comentou intrigada, em seguida levou a mão as orelhas ao ouvir um zumbido.

“Bem, vocês conhecem as regras do jogo, os pontos das duas coordenadoras estão na tela, 5 minutos no relógio, que a grande final comece!” A voz do anfitrião ecoou pelo estádio.

“Estou muito curioso pela batalha, as duas demonstraram um estilo de batalha incrível!” O Senhor Contesta, chefe do comitê de avaliação comentou.

“E notável!” O Senhor Sukizo avaliava.

“Elas duas possuem um olhar muito especial para a saúde de seus pokemons, sem dúvida são grandes coordenadoras!” A Enfermeira Joy de Sootópolis comentava.

“Nem acredito que conseguimos chegar a uma final de novo! Piplup você já conhece o palco, então ARRASE!” Empolgada, Dawn rodopiou atirando a pokebola do seu principal parceiro.

“É nosso grande retorno! Ali, sinto muito pelo grande festival ano passado, mas esse é só o começo e agora é o seu momento de brilhar!” Lisia sorriu mandando beijos para a câmera, enviando a esfera em seguida.

Da pokebola de Dawn, surgia Piplup rodeado de bolhas translúcidas, o pinguim sorriu dando cambalhotas com sua imagem refletida nas esferas até pousar sobre o campo de areia. Uma cortina de partículas brilhantes pairava sobre ele o destacando

No lado esquerdo do campo, um amontoado de nuvens esfumaçadas surgia da pokebola de Altaria, em meio as massas de ar dois olhos abriram-se. A ave dragão revelou sua forma num rasante abrindo as asas duplicadas de tamanho pelas nuvens do selo que uniam-se a elas.

Altaria movia suas plumas arrancando gritos da plateia enquanto um brilho cintilava seu corpo.

“As duas começaram bem, mas acho que a Lisia tem a vantagem, a propósito obrigado por ter feito isso para nós!” Comentou o menino empolgado pegando a comida da pokemon que o lançou um olhar incomodada.

“Certo, vamos aproveitar que estamos com a atenção deles! Venham todos comigo, Ali use Dragon Pulse e atire para o alto!” A menina de cabelos azulados iniciou a ofensiva abrindo os braços contagiando todo o estádio consigo.

“Rápido Piplup! Desenhe Mist e encubra a Altaria!” Dawn respondeu ao comando de sua oponente erguendo sua mão aberta.

A ave dracônica abriu as asas contornando seu próprio eixo em um voo contido. Levantou suas plumas que cintilaram em um tom avermelhado manchando-se em seguida com tons de azul escuro. Sua boca reuniu energia pulsante até que moldasse uma esfera e a atirou para cima.

Piplup iniciou sua corrida pelo campo de batalha fixando seu olhar no timing dos movimentos da oponente. Contornando a área onde Altaria estava com cambalhotas em torno do próprio eixo atraindo a atenção do público. Em meio a elas inflou o peito e soprou uma neblina espessa encobrindo sua oponente antes que essa pudesse performar.

“E Dawn corta a performance de Lisia ao meio, atraindo todos os olhares para o seu Piplup! Isso vai custar grandes pontos!” Anunciou o anfitrião enquanto o público acompanhava intrigado.

“Ela começou bem, não sei se você consegue entender isso, mas encobrir o movimento de Lisia de forma tão direta é bem corajoso!” Wally comentou.

“Audi Audino dino! Audino!” Explicou a pokemon sobre a vantagem que Piplup parecia ter sobre o campo.

“Você não entende, Audino! Dawn pode ser experiente, mas Altaria é claramente mais poderosa, se Lisia conseguir acertar alguns ataques deve levar!” O menino desdenhou da opinião dela.

“Ouvi dizer que neblinas são comuns ao redor de alguma ilhas, e as vezes elas são o começo de grandes tempestades, Piplup use Whirpool!” Informou Dawn girando antes de comandar seu próximo movimento.

Saltando no ar, Piplup rodopiou atraindo o olhar do público sendo um ponto azul em meio a neblina, seu corpo se iluminou conforme moldava a água em um vortex de água gigantesco acima de sua cabeça. A potência do movimento sugava a concentração de neblina de Altaria criando um ar fantasmagórico conforme as massas de ar condensadas concentravam-se ao redor do redemoinho.

Arrancando mais alguns pontos de Lisia, a coordenadora de Sinnoh abria uma grande vantagem.

“Ela está colocando pressão de uma forma tão natural...mas eu não comecei a competir ontem! Em noites de tempestades é importante ter um guia, Altaria atravesse a neblina e cante com toda a força usando Dragon Cheer!” Lisia pediu com o punho aberto para o alto.

“Piplup chamou tanta atenção para si que mal percebemos o dragon pulse flutuando lá em cima, mesmo com a potência do redemoinho, Ali tem um grande controle!” O Senhor Contesta comentou.

Abrindo suas asas com plumas assemelhando-se as nuvens, Ali surgiu entre a neblina controlando seu voo em frente a Piplup que continuava mantendo seu redemoinho. Altaria girou e entoou um cântico melódico composto por melodias graves semelhantes a rugidos.

“ALTAAAAAARIA!” Seu canto materializava em ondas de poder vibrantes e alaranjadas, nascidas como trovões em meio a tempestade, Ali aproveitava para mostrar suas asas iluminadas pelo cintilar laranja do movimento. As ondas chegaram até a esfera, a contagiando e a fazendo estremecer.

Como se tivesse sido acionada, a esfera irradiou em vermelho ressoando num rugido de um dragão, então moldou-se num feixe em um formato dracônico. O feixe disparou em direção a Piplup e o seu redemoinho.

“Dragon Cheer faz a chance de critico ser maior...não teremos tempo de revidar, use o redemoinho como escudo rápido!” Pediu Dawn rapidamente.

“Pipluuuup! P-Pip!” O pinguim moveu seus braços enviando o redemoinho a sua frente numa tentativa de conter o ataque, em seguida, o dragão abocanhou o vortex de água e o pinguim de uma só vez. Uma explosão tomou conta do local atirando Piplup contra o solo e fazendo chover no campo logo em seguida.

“ISSO! Ela vai conseguir igualar os pontos, Audino! Vamos, Ali!” Wally gritou empolgado.

“Audi Dino Dino!” Incomodada com o barulho que escutava a pokemon pôs a mão no ouvido rapidamente ao ouvir novamente outro zumbido.

“Audino, não faz essa cara! Contests são incríveis, espero algum dia conseguir um pokemon de verdade e competir! Mas não sei se eu seria capaz...” Comentou o garoto e de repente a pokemon sentiu como se o observasse de muito longe.

Sua vontade de assistir aquela apresentação diminuiu e baixando suas mãos ela fitava a televisão com um olhar vago.

“PIPLUP!” Gritou a garota preocupada.

“Ali, aproveite a deixa Cotton Guard e apanhe algumas gotas de chuva!” Sorrindo com a oportunidade de se mostrar, Lisia investiu.

“Magnifico! Lisia igualou os pontos com um contra ataque arrasador, enviando Piplup direto ao chão e vejam só como está a Altaria se divertindo na chuva, os pontos de Dawn agora ultrapassam a metade e ainda temos dois minutos de batalha!” Wallace anunciou e o público engajou com aplausos.

Enquanto assistia a batalha, o menino ficava cada vez mais empolgado pelo ritmo da competição. Admirava o modo como as duas coordenadoras conseguiam conduzir a batalha como um show controlando seus movimentos com grandes possibilidades.

Audino mastigava a pipoca, ergueu a mão pegando o copo de suco para beber, quando um novo barulho invadiu seu ouvido. “Eeeeesta ouvindooooo?” Soprou, a pokemon rosa olhou de um lado para o outro tentando entender de onde a voz estava vindo, mas nada parecia diferente.

A ave azulada, abriu suas asas as tornando cada vez mais espessas com um brilho fosco, conforme chovia os restos do redemoinho choviam sob o campo, a pokemon apanhava as gotículas que ficavam retidas sobre a camada de plumas sem as molhar, como um orvalho ambulante.

“E Lisia agora abre vantagem com a performance magnifica de Altaria, seu canto e essas gotas sob suas plumas mostram o controle, beleza e poder que seu pokemon possuí! A batalha vai para a metade, como será a resposta de Dawn?” Wallace informou a todos.

“Precisamos construir uma nova combinação, Piplup use Aqua Ring e se divirta!” Pediu a garota começando a remexer a cintura.

Levantando-se sujo com a terra, o pinguim brilhou em um tom pastel de turquesa. Abrindo os braços começou a rebolar reunindo partículas de água ao redor de si, até que estivesse envolvido por um anel d’água que o rodeava como um bambolê.

Enquanto dançava enviando anéis de água que flutuavam ao redor de si, recuperava a saúde do movimento anterior, retirando alguns pontos de Lisia, mas não sendo o suficiente para iguala-los.

“O que ela está tramando?! Altaria use Dragon Cheer e destrua esses anéis!” Lisia iniciou uma ofensiva arqueando as sobrancelhas.

“Não esperava que fosse me ajudar na minha combinação, mas obrigado! Piplup quero uma noite com Whirpool!” Dawn comentou piscando para sua oponente.

“D-Do que você esta f-faland?...”.

Altaria elevou-se ainda mais no ar, abrindo suas asas e inflando o peito, disparou uma sequência de ondas sonoras rústicas que reverberaram ao seu redor produzindo um brilho alaranjado enquanto disparavam sobre os anéis.

Rodopiando em torno do próprio eixo, Piplup brilhou em azul e com um sorriso deu vida a um novo vortéx que d’água que se projetou gigantesco sobre o campo. O tornado encobriu os anéis no momento em que as ondas sonoras de Altaria entraram em contato com o redemoinho.

“A velocidade do som é maior na água...” Lisia comentou consiga mesma observando enquanto os anéis ao invés de serem destruídos, tornaram-se turbilhões de uma corrente de água com o incentivo do dragon cheer.

“Droga, como ela conseguiu fazer isso?! E pensar que um pokemon pequeno desses podia fazer tanta coisa!” Wally comentou preocupado com o resultado.

“Incrível! Vejam só, o redemoinho parece um retrato do fundo do mar com correntes marítimas se cruzando, Dawn consegue igualar os pontos, mas tem que tomar cuidado, pois o Piplup pode se perder no meio dessa água toda!” O senhor contesta comentou a combinação impressionado.

“Estamos no minuto final, o que será que irá acontecer!”.

“Vai Piplup, atire todas as correntes contra ela!” A coordenadora de Sinnoh investiu erguendo sua mão.

“Ela esta muito confiante, mas temos poder o suficiente pra ultrapassar esse chuvisco, DRAGON RUSH!” Lisia gritou erguendo a mão da mesma forma.

Piplup ergueu o redemoinho, seu corpo brilhou em um tom iridescente conforme ele controla a massa d’água a fazendo disparar diversas turbilhões de água que se projetavam em direção ao pássaro dragão.

Ali recolheu suas asas abraçando a si mesma, fechando os olhos. Uma centelha de poder acendeu em seu peito e incendiou-se preenchendo sua silhueta com o formato de um pássaro com asas de dragão em tons que variavam do azul, laranja e purpura.

No centro do movimento a pokemon destacava-se sorridente envolta naquela energia, com duas voltas para pegar impulso ela disparou disposta a enfrentar as correntes marítimas.

“VAI ALI, VOCÊ CONSEGUE!” Wally gritou para a televisão, enquanto Audino já nem tinha mais vontade de comer.

 A colisão ocorreu criando um impulso que fez todo o estádio voltar seus olhares para aquele momento. Lísia observava com um sorriso confiante conforme sua parceira superava o embate quebrando a rotação da água e avançando cada vez em direção ao oponente.

“A vitória já é nossa, avance Ali!” Comandou.

“Você me faz lembrar de quando ganhei minha primeira copa Wallace com grandes movimentos, mas aprendi umas coisinhas, Piplup desfaça o movimento!” Dawn gritou erguendo as mãos abertas.

O pinguim confiando em sua treinadora, moveu seus braços para trás de si desfazendo a combinação de uma só vez e criando um impulso de vento que o jogou para cima, Ali avançou mudando o curso para onde seu oponente estava, os pontos das duas coordenadoras estava quase no limite.

“Ele está ai, acabe com isso, Ali!”.

A visão era impressionante, o pequeno pinguim encarava o pássaro dragão projetado em direção a si iluminando todo o estádio.

“Agora Piplup encubra-a com Mist!” Dawn comandou deixando todos surpresos.

No meio do ar, Piplup girou em torno de si expelindo uma névoa densa e espessa que se propagava ao redor, Ali avançava seguindo os desejos de sua treinadora, porém o brilho de seu movimento desaparecia conforme adentrava na névoa até estar completamente encoberta tentando encontrar o pinguim para o atingir.

O sorriso de Lisia se desfez.

“ALI SAIA DAI!” Lisia gritou

Piplup revelou-se sorrindo enquanto pousava no chão aos olhos de todos que apenas conseguiam ver o brilho fosco do movimento da Altaria, os pontos de Lisia baixavam.

“Aqua Ring!” Dawn finalizou.

“O MAR PODE VIRAR A QUALQUER INSTANTE! Lisia esperava um grande movimento, mas vejam só a preocupação de Piplup dançando com seu bambolê de água enquanto sua oponente está totalmente encoberta, uma combinação adorável! Os pontos de Lisia chegaram ao limite e a vencedora da copa Wallace desse ano é a coordenadora Dawn!” Wallace anunciou com todos aplaudindo a performance do pinguim.

“Não acredito que ela perdeu! Isso não pode estar certo, depois de todo o trabalho...o que você acha Audino?” Perguntou o menino voltando-se para Audino arregalando os olhos preocupado.

“Dino! Audino Audino!” A pokemon levava as mãos aos ouvidos tentando conter o barulho, mas não conseguia mais suportar.

“O que esta acontecendo?! Ei aonde você está indo, calma!” Chamou o garoto confuso, levantando-se do sofá e calçando seus sapatos enquanto Audino com uma mão no ouvido colocou a pipoca sob a mesinha de centro e correu em direção a porta seguindo a origem daquele barulho.

Seguindo reto em direção a saída da cidade, a pokemon rosa subia pelas colina verdejantes, suas orelhas captavam o som e ele reverberava por dentro de si como se acordasse uma vontade em si que dizia apenas para segui-lo.

 O barulho assumiu a forma de sussurros, ela não entendia o que falavam, mas sentiu que queria fazer aquilo por si mesma.

“Audino?! Aonde você está indo, o que está acontecendo?! Está quase na hora da minha sessão de manutenção!” Assustado o menino não entendia o que acontecia havia colocado uma bomba de ar por precaução em seu bolso e seguia a pokemon.

Da janela de uma das casas uma cortina foi aberta, uma mão afastou a folha de vidro da janela apenas a tempo de ver a sombra de Wally sair da cidade e adentrar as áreas verdes da colina cobertas por árvores que se erguiam desenhadas para proteger a entrada do Rusturf Tunnel.

Desnorteada Audino continuava correndo por entre as árvores, seu coração acelerava e parecia querer ir além do que seu peito podia proporcionar. O barulho despertava uma sensação completamente nova em si: nada mais importava, era tudo sobre ela naquele momento e ninguém poderia pará-la.

Erguendo seus braços, ela afastava as folhagens que tocavam em seu rosto enquanto pisava pela grama rasteira presente em todas as rochas naquele ponto da colina. Até que finalmente chegou ao local que sentia ser a origem daquele barulho.

Era uma pequena poça localizado no meio de uma área com o interior rodeada por rochas de diferentes tamanhos e cercada por árvores e uma área gramada pela qual havia vindo. Com passos contidos e levando uma mão ao peito ela se aproximava com medo.

Mas seus olhos, curiosos, brilharam ao mirar sob o reflexo da poça de água e ver sua imagem nítida, Audino deu um sobressalto ao ver o que enxergava se rearranjar e a sua forma refletida ali mudar, mostrando uma versão de si ao qual parecia muito mais poderosa, uma versão que ao olhar para dentro de si era o que desejava.

“Audino! Eu chamei e você atendeu, fico muito feliz! Eu sou Jirachi e preciso que atenda ao chamado, mas cuidado, o mal também me escuta e receio que tenho pouco tempo!” A voz falava dispersando as palavras em meio a uma névoa mística nascida da pequena poça de água.

“Dino?” A pokemon perguntou confusa.

“Hoenn é viva e a natureza deseja a cada instante, eu sou o resultado do sentindo que move a todos, o senso natural que reside no corpo de todos dessa região, mas que nem todos conseguem compreender, obrigado por responder ao chamado e agora é hora de você receber a sua dádiva!” A presença continou a falar.

“Audino! O que você pensa que está fazendo subindo uma colina desse jeito e...em nome de Arceus o que está acontecendo?” Wally perguntou arregalando os olhos ao presenciar a pokemon rosa diante de uma poça de água que começou a irradiar uma luz ao qual ele não conseguiu compreender.

A luz cobriu a forma de Audino, seu corpo inteiro foi tomado por uma sensação dormente, e seus pensamentos ficaram cada vez mais claros, ao ponto de não perceber que havia fechado os olhos.

Ao abri-los novamente podia enxergar o seu entorno como nunca antes havia visto: massas de energia movimentavam-se através do solo e sussurravam para ela, voltou-se para cima observando as nuvens e conseguiu reconhecer o fluxo de poder que compartilhavam com a natureza e as árvores ao seu redor pareciam cumprimenta-la como se agora a reconhecessem por estar ali.

Então, confusa e assustada, olhou para as próprias mãos sentindo seu corpo ser envolvido por uma aura mística que em segundos tornou-se poder. Suas orelhas cresceram junto das antenas, seus pelos cresceram a sua frente quase como se fossem um vestido, um botão desabrochou em seu peito e em seus pés os pelos assemelhavam a botas.

Sentindo-se mais poderosa do que nunca, ela ergueu os braços e virou-se observando Wally em sua nova forma, enquanto o garoto arregalava os olhos incrédulo no que havia visto.

“C-Como-O-O que a-aconteceu com você? A-Audino?”.

“Eu...eu não sei?!” A pokemon falou.

“V-Você fala?”.

“Não tema, Hoenn deseja que todos tenham oportunidade de lutar, uma calamidade está se aproximando e aqueles que encontrarem seu propósito junto a natureza receberão sua chance, eu espero conseguir sair daqui o quanto antes, Audino não sei se nos veremos novamente, mas espero que a verdade da sua natureza seja o suficiente”.

“Espere! Me diga o que fazer! Eu não sei se sou capaz de manter isso sozinha e...” A pokemon baixou sua mão ao ver a poça de água sumir como se nunca tivesse existido.

“Você não deveria nem ter começado!” Preenchendo todos os cantos daquela colina, uma voz se fez presente, adentrando a audição dos dois mesmo que esses não quisessem.

“O-O que é isso! Argh! Droga minha cabeça...não consigo pensar direito...” Wally resmungou ao sentir seus ouvidos dormentes e o chão tremendo abaixo dos seus pés o fazendo cair de joelho sobre as pedras.

Sentindo um agitar em seu interior, a pokemon rosa agora transformada em fada ergueu as suas mãos reunindo uma névoa concentrada. Envolvendo-a com seu novo poder ela abriu os braços expandindo o movimento e tornando toda a área num campo de nuvens rosadas.

“Esta melhorando, mas desde quando você sabe esse movimento?...” O menino perguntou confuso quando ambos foram cobertos por uma sombra que se assemelhava a um jato.  

“Já estou ficando sem paciência! É incrível como Jirachi vai procurar problema nos confins do mundo e eu quem tenho que resolver!” Um pokemon dragão com sua forma assemelhando-se a um avião de caça comentou irritado.

Seu corpo todo iluminou-se em um tom arroxeado, ele formou uma esfera de luz ao seu entorno e a expandiu num pulso de poder. Ao raspar contra o solo a luz faiscava queimando a grama e arrancando pedras enquanto disparava contra a dupla.

“AUDINO!” Wally chamou pela pokemon sem saber o que fazer.

“E-Eu preciso fazer alguma coisa!” Colocando-se à frente do menino, Audino sentia seu coração palpitar, encarou a luz incomodando seus olhos que ansiavam involuntariamente para fechar.

Não podia sair dali com Wally morto, Isabel nunca a perdoaria e nem ela mesma, buscando força em seu interior ela desenhou um círculo mágico desejando afastar tudo aquilo de perto de si.

Ao toca-lo emitiu um pulso de ondas sonoras embuídas com a energia natural, o som reverberou num tom rosado rivalizando contra a explosão de luz por um momento até ambos os golpes resultarem num estrondo atirando os dois para perto das pedras.

“P-Precisamos sair daqui! N-Não temos como lutar contra essa coisa!” Wally gritou se levantando com feridas pelos braços, sentindo sua respiração falhar ele levou a boca sua bombinha de ar.

“Não se preocupe, eu vou encerra-los aqui!” Latios voando em círculos, formou novamente uma esfera de luz.

Dessa vez a ergueu com seus poderes psíquicos acima de si e lançou um raio concentrado de energia contra ambos.

“Nós não iremos acabar aqui! Eu também consigo lutar!” Audino colocou-se à frente, com as palavras ressoando para si mesma, seus pés firmes contra o chão.

“A-Audino, não! Ele é muito forte para você, saia!” Wally gritou.

Incomodada com a falta de confiança do menino em si, ela contou apenas consigo, abriu seus braços com as mãos carregadas de poder, e as uniu, separando-as em seguida num clarão de luz em um tom arco íris.

O clarão tomou a forma de um globo de luz, atirando flechas multicoloridas que explodiram ao entrar em contato com o feixe de luz, criando uma nuvem de fumaça.

A fada, correu junto de Wally manipulando as nuvens rosadas para criar uma cortina que a encobrisse junto do menino.

“Droga, tinha que ser fada! Não consigo rastreá-la, mas isso não vai durar por muito tempo!” Latios voltou-se para cima.

Um pulso de poder nasceu em sua boca e se expandiu conforme ele instigava a formação de nuvens acima de si, seus olhos faiscaram e ele passou a voar em círculos, as massas de ar acima de si se chocavam conforme os movimentos de seu criador.

Dos choques nasciam trovões que enviam uma rajada de eletricidade por todos os cantos da névoa.

“AAAAAH!” Wally gritou assim que um trovão acertou o solo próximo a eles, os atirando para perto das árvore com pedras acertando contra seu rosto, suas pernas doíam e seu peito subia e descia, esforçando-se para não chorar.

“Não podemos parar, Wally! Precisamos correr!” Com uma das mãos, Audino manipulava as nuvens para não se desfazerem diante dos trovões e com a outra emitiu um pulso de cura em tons arco íris que restauravam a saúde do menino.

“Não me diga o que fazer, não é como se fosse fácil!”.

“Deixe você de ser idiota! Ao menos que queira morrer aqui” A pokemon o questionou e pela primeira vez o menino pareceu notar a presença dela.

“Vou tentar ganhar tempo e depois disso vamos fugir, não sei quanto tempo vou me manter nessa forma!” ela disse enquanto trovões continuavam acertando ao em torno.

“Mas e se essa coisa nos perseguir até lá?!” O menino disse atrás da pokemon rosa.

“Não faço ideia, mas não posso continuar lutando contra isso sozinha!”.

                                                        

Criando uma centelha de luz em suas mãos, Audino sabia que seu oponente não deixaria passar. Assim que viu a iluminação sob as nuvens, Latios entoou seu cântico disparando uma saraivada de eletricidade que rumou em cheio na direção da luz.

“AAAAAAH!” Ao ver o ataque contra si, o menino começou a gritar, dando a confiança em Latios de que agora estaria acabado.

“Agora! Por favor, me ajudem!”.

Usando toda a força da natureza ao seu redor, Audino disparou a centelha e a expandiu como um escudo, multicolorido. A eletricidade o acertou como uma espada almejando quebrar sua defesa, a fada no entanto, manteve seu poder, seus braços recuaram com o peso do ataque.

Mas ela não podia cair ali, não agora que tinha algum propósito. Seu corpo iluminou-se com uma aura rosada enquanto seus olhos ascendiam em azul, levantando seus braços com dificuldade ela encantou seu movimento, criando flechas coloridas que acertaram a condenação elétrica de Latios.

Os dois movimentos resultaram em uma nova explosão que espalhou a névoa por toda a floresta, segurando nas mãos do menino, Audino correu com ele floresta adentro.

“MERDA! Não acredito que ela escapou...é a primeira que escapa em meses igual aquele dois...vou ter que preparar uma medida mais paliativa”.

Arfando, com dores nos pés, rasgos pela roupa, fuligem e folhas sujas pelo cabo Wally retornava para casa enquanto Audino estava de volta a sua forma normal. Ambos chegaram aos portões da saída da cidade confusos e com diversas perguntas sobre o que havia acabado de acontecer.

“Ai...eu não vou aguentar mais...p-preciso...descansar!” O garoto gritou desabando na entrada da cidade.

“Como você é dramático...” Comentou a pokemon em seguida, observou as próprias mãos confusa: haviam voltado ao normal.

“Wally!! Nossa...você está bem?” Um menino de pele negra o cumprimentou, arqueando as sobrancelhas enquanto observava o seu estado.

“Eu...eu não sei nem como começo a contar Hop...” Respondeu ainda sentado olhando para Audino, ainda sem entender o que acontecia.

“Bem, não importa, acho até legal que você tenha saído de casa e feito algo com a sua vida, mas eu tenho uma surpresa! A temporada de contest vai começar e depois de umas discussões com a minha família...eu finalmente irei entrar!” Hop comentou erguendo a pokebola e a soltando para cima.

“Muuudkip!” Um pokemon azulado de quatro patas surgiu da esfera sorrindo.

“Você conseguiu um mudkip?! Quando foi que...” Wally perguntou sendo interrompido.

“O lee veio me deixar de galar, e conseguimos esse inicial com o professor Birch, não é legal?! Mas eu também trouxe uma surpresa para você” Seu melhor amigo disse levando as mãos as costas e retirando uma bolsa e só então o garoto de cabelos verdes percebeu que ele carregava uma.

Abrindo o bolso principal, ele retirou de lá uma incubadora com um ovo em tons de roxo e azul.

“Para você!” Hop comentou e o entregou o objeto.

“O que?! E o que tem dentro?!” Audino perguntou surpresa.

“É uma surpresa! Pera a Audino acabou de falar?” Hop coçou a cabeça confuso.

“Apenas aceite esse fato por enquanto, mas...Hop eu não sei se posso aceitar...eu não sei nem se vou iniciar uma jornada pelo que tenho” O menino comentou olhando para o objeto que descansava por dentro do vidro.

“Bobagem, eu convenci o Lee a me ajudar, e peguei pensando especialmente em você! Você merece, além disso dentro de alguns dias vai acontecer o contest de Verdantuf e a enfermeira Joy disse que o ovo está prestes a chocar, então poderemos nos enfrentar!” Hop comentou lançando um olhar direto para o garoto enquanto cerrava o punho determinado.

Wally olhou para o menino e a incubadora ao qual segurava, focando seu olhar no ovo que descansava, sorriu concordando, por outro lado, Audino o observava de canto de olho, levando a mão ao peito e tentando manter o seu sorriso.

“WALLY! O que aconteceu com você? Q-Quando que? O que?!” Isabel, sua mãe, corria até ele.

Notas Finais: Tenho um grande carinho por esses personagens e nasceu de uma ideia muito aleatória, novamente agradeço imensamente a você que chegou até aqui e confiou em mim, espero um novo capítulo em breve e por favor, comente o que achou!