Capítulo 2: Bem onde você me deixou!

Notas Iniciais: Hiiiiiiiii, perdão pela demora neste capítulo, mas foi um pouco mais difícil de escrevê-lo do que achei inicialmente, mas espero que gostem, pois hoje temos o que gosto de achar de especial e um dos capítulos que estava muito ansioso para escrever -talvez por isso tenha demorado tanto- e com vocês: Serena recomeça seu trabalho no Centro Pokemon.

Capítulo 2: Bem onde você me deixou!

    O dia do Centro Pokemon de Lumiose já havia começado, Serena inspirou forte e suspirou tomando coragem: hoje ela começaria a melhorar, ela devia melhorar e com esse pensamento ela deu o primeiro passo percorrendo o local.
    Começou pelo banheiro dando descarga nos vasos, esfregando o chão e limpando as pias, conseguindo, finalmente, dar um pequeno sorriso ao ver a nova embalagem dos produtos da linha Own Tempo de Psyduck.
    Após ir para a recepção, reparou que o fluxo de treinadores estava muito maior que o normal, seu olhar logo foi atraído para a barraca onde costumava vender doces, no mesmo momento fora atormentada pela visão de Espurr ali esperando o forno ficar pronto para que pudesse tirar os biscoitos, a garota balançou a cabeça.

“Uma coisa de cada vez, Serena” Disse para si mesma.

    Mawile deitada no chão da recepção se perguntava o que poderia rabiscar hoje, a Pokemon prestava atenção no ir e vir dos Pokemon com seus treinadores, virando a cabeça para trás olhando Serena cumprindo com suas tarefas e se perguntando se deveria fazer algo, sua filosofia envolvia seguir com a vida sem preocupações, mas aquela garota tinha tarefas bem especificas para seguir, como poderia ajudá-la?
    As duas haviam compartilhado alguns momentos no café da manhã com sorrisos e algumas palavras, e embora ambas houvessem decidido se ajudar mutualmente decidiram silenciosamente que por enquanto manteriam alguma distância para que pudessem respirar e lidar um pouco consigo mesmas.
    Com o tempo passando rápido, a hora do almoço vinha se aproximando.

“Mulher só pra avisar que tá tendo muito movimento hoje e as porções de comida vão acabar ficando mais pros Pokemon e treinadores, vamos ter que pedir comida ou vamos ter que dar ração dos normal type de novo para Serena e rezar para ela não ter uma intoxicação” Michelly avisou na recepção.

“Tudo bem, temos muito casos novos de fato... e ainda nenhum avanço... Serena você ouviu?” Perguntou a Joy para a menina que voltava cabisbaixa.

“Ai ouvi sim” E dito isto afundou sua cabeça no balcão com as duas mulheres se entreolhando preocupadas.

“Como estão indo as coisas? Quer que eu peça comida já que, bom, seu nome está sujo e tudo mais...” Anisa ofereceu.

“É uma sensação de que tudo parece exigir muito mais de mim do que antes...” E então viu uma oportunidade de fazer algo diferente “Mas não precisa se preocupar, eu vou no Swift de Ambipom, talvez faça bem sair um pouco depois de uma semana” A menina admitiu virando o rosto no balcão revelando ter ficado um pouco amassado.

“Swift de Ambipom? Mas que nome podre para um lugar e...” Michelly começava a falar mal.

“É o único lugar que me aceitou como cliente, mesmo com os processos do meu nome na justiça, nos dias em que não consigo comer aqui... Eu gosto do atendente de lá, o movimento é fraco e pensar nesse restaurante agora foi o ato mais positivo que tive nesses dias” Confessou a menina agora de olhos fechado.

“Ai, então vai lá, o lugar é um hit eu já ia falar que nossa eles servem em conceito e é incrível! Swift de Ambipom!” Michelly sorriu

“Espero que seja bom e... Meu deus o que é isso?!” Anisa assustou-se ao ver a televisão chiar, gritar e a imagem derreter com um barulho de interferência semelhante a um grito de um Exploud e em seguida aparecer num canal de fofoca.

“Eu coloquei um alarme programado para mudar para esse programa de fofocas toda vez que tivesse uma nova, talvez vendo coisas sobre a vida dos outros eu me sinta um pouco melhor sobre a minha” Serena explicou levantando a cabeça.

“Eu vou ignorar isso por conta do seu estado atual no momento” Comentou a enfermeira conferindo sua pressão por conta do susto, mas também se voltou para a televisão.

“Em tom de fofoca, eu estou de volta! Sandra a sua loira padrão que está voltando das férias em Sinnoh! Gente foi tudo e olha renovei o time e vou contar para vocês, que experiência! Primeiro peguei um Infernape, logo após um Staraptor, não pude resistir a uma Roserade, quase que não consegui um Floatzel, muito dificil treinar um Luxray no dias de hoje viu e para finalizar é claro que peguei um Lucario, estou renovada espiritualmente!” Sandra comentou empolgada enquanto o auditório de seu programa a aplaudia.

    Fotos passavam mostrando a menina de olhos fechados pegando um Chimchar no laboratório do professor Rowan, ela abraçada com o primeiro Starly que encontrou em uma rota e falando sobre destino e obrigando um Shinx a carregar a bateria do seu celular.

“Quem é ela?” Anisa se perguntava.

“Mulher você vive debaixo de uma pedra?” Michelly perguntou à ela.

“Eu quase nunca saio de trás desse balcão okay!” Devolveu a mulher começando uma crise ansiosa, mas Michelly a acalmou com um copo de água com açúcar.

“A Sandra é dona do maior programa de fofocas de Kalos, ela é muito famosa pelo seu trabalho e já contou fofocas que nunca aconteceram, mas todo mundo já sabia que era verdade” Serena ratificou.

“Isso não seriam mentiras e noticias falsas?” Voltou a questionar.

“Claro que não! Foi ela quem cobriu o caso da Taynara Mota e esclareceu para todos com provas e fotos de que ela não existe”.

“Ai então ela é muito necessária!” Anisa concluiu.

“E agora, espero que todos se segurem! Porque vazou gente, eu não estou acreditando, mas finalmente tenho uma fofoca para vocês e é da Diantha!” Sandra comentou falando detrás do cenário do programa que fazia alusão a celas enquanto tambores rufavam esperando pelo anuncio, com uma pausa para uma publi de tintas de cabelo loiro dos patrocinadores do programa com a apresentadora fazendo questão de sempre alegar que o tom de seus fios era completamente natural.

“E agora após muito anos como Campeã, teorizamos, especulamos, mentimos, vasculhamos, fraudamos e até mesmo amaldiçoamos a vida de Diantha, mas finalmente temos uma prova concreta: ela e o elite 4 Wikstrom estão em um relacionamento!” E com isso uma foto tremida dos dois de mãos dadas em uma ponte perto de Snowbelle foi mostrada.

“Meu deus não é possível!” Serena comentava xocada.

“Gente, a noticia do século!” Michelly dava as mãos para a menina, ambas se apoiando para não despencarem no chão.

“Estou extremamente chocada, porém também me pergunto o que isso muda na minha vida?” A enfermeira se perguntava em choque.

    Na ala onde Magnemite estava internado, Serena o observava junto de Mawile, o chiado da máquina ainda apertava seu coração e a falta de resposta ao tratamento também a desanimava.

“Obrigada por aceitar almoçar comigo hoje... E... Bom, por vir aqui” Comentou a garota enquanto a metálica segurava sua mão.

“Mawi-Wile!” A Pokemon comentou enquanto dava de ombros e a chamava.

"Já estou cansada disso, mas a sensação de impotência quando estou diante dele é tão... Sufocante" A garota comentou apertando as barras da maca.

“Tem razão, é melhor nós irmos, antes que fique muito tarde... Fique bem eu já volto” Serena disse ao companheiro, com sua Key Stone reluzindo no bolso, ela passou pela porta com Mawile ao seu encalço enquanto ambas se dirigiam ao restaurante.

    O dia estava nublado, quase não ventava o que deixava o aspecto do tempo para mas também não fazia calor enquanto Serena subia a rua ao lado de Mawile, as duas lançavam olhares para lados diferentes sem focar em nada especifico das coisas estranhas que aconteciam geralmente nos arredores de Lumiose.

“Sabe... Eu costumo ir até esse restaurante nos dias em que não sobra muito comida, o atendimento é muito bom!” Serena iniciou uma conversa lembrando que já havia comentado sobre isso antes.

“Ma-mawile! Ma” Comentou a Pokemon apontando para as cores de um banco da praça, onde uma mendiga continuava ali chorando.

“Você gosta bastante de cores e das combinações delas, acho que vai gostar bastante do restaurante e da... Como que fala mesmo?” Perguntou a menina novamente.

“Wile!” Respondeu a metálica.

“Isso! Da estética do restaurante, aliás de qual tipo de comida você gosta?” A menina comentou enquanto se aproximavam da rua onde estava o restaurante.

“Mawi-Ma” Dando de ombros ela explicava que gostava de experimentar vários sabores, não conseguindo saber quando seria bom ou não até experimentar.

    No entanto, a funcionária do Centro Pokemon reparava em uma espécie de fumaça que também parecia uma manifestação de energia saindo pela janela do restaurante ao longe, franzindo o cenho para a fada ao seu lado as duas se encararam.

“Gente, será que queimaram alguma coisa lá dentro?! Ai meu pai onde é que eu vou comer!” Preocupada a menina tentava apressar o passo.

“Wile! Wile!” Curiosa, a metálica também seguia para ver o que havia acontecido.

“Você vai ter coragem de entrar no Swift de Ambipom hoje?” Uma desconhecida a abordou na rua bem antes dela passar pela porta do restaurante.

“E qual o problema? Meu deus a vigilância sanitária interditou o restaurante! Eu sabia que tinha alguma coisa estranha, devia ser bem por isso que eles me deixavam entrar” Serena concluiu impressionada.

“O quê? Não, menina hoje é dia 29 de junho querida! Não pode entrar lá dentro!” A moça a intimou.

“Meu deus como você sabe em que mês estamos?! Eu jurava que o tempo em Kalos era contado só em semanas do jeito que aprendi na escola, mas eu não tenho outro lugar para comer porque meu nome tá detido na justiça e...” Serena fora interrompida.

“Ai então esquece o que eu disse, se a policia te procurar e você falar de mim eu posso até ser presa, mas acabo com você antes” Respondeu e com isto foi embora deixando Mawile e Serena encarando uma a outra.

“Bom...” Reparando que todas as pessoas passavam bem longe daquele restaurante no dia de hoje, algumas se benziam e rezavam o caminho inteiro até sumirem no final da rua, por um momento a positividade da garota foi substituída pela dúvida.

“Será que a gente entra?”.

“Ma...wile!” Afirmando com a cabeça, a metálica segurou a mão de Serena e as duas passaram pela porta.

    O local possuía uma estética que misturava aspectos rústicos de madeira, com tons alegres e alguns tons vibrantes para destaque, as mesas possuíam um formato redondo com cadeiras de madeira para até 4 pessoas, haviam estátuas de Aipom segurando estrelas ao longe, sobre cada mesa havia um Ambipom entalhado em madeira que segurava o cardápio.
    Serena reparou em uma moça usando um sobretudo preto no fundo do restaurante, e tomou um dos primeiros lugares a mesa com Mawile sentando-se ao lado dela, ela esperou, mas ninguém apareceu.
    Com isto tocou a campainha na mesa.

    Um Piplup saiu por entre uma porta que levava para o interior do restaurante, tomando cuidado para que ninguém o observasse sem roupas, ao reparar na menina e sua Mawile acenando para ele: levou a mão a boca com um grito e correu para dentro voltando com um uniforme tematizado, um sorriso forçado e com um bloquinho de notas como se nada houvesse.

“Pip-Pip? Lup Lup” O pinguim perguntava o que elas queriam e recomendava o especial da casa.

“Higor! Quanto tempo! Então eu vou querer o prato principal com as ervas provençais de Kiloude e de entrada vou querer esse canapé rainbow e se possível as cebolas caramelizadas de sempre... Mawile você já sabe o que quer pedir?” Serena perguntou sorrindo.

“Ma-Mawile!” Vendo uma oportunidade de tentar interagir com a menina, ao invés de combinar as coisas, Mawile explicou ao pinguim que gostaria do mesmo.

    Piplup anotava os pedidos em códigos desenhando bolhas de diferentes cores de acordo com os itens do cardápio, mas um som de passos apressados fora ouvido.
    Logo um menino de cabelos acinzentados, utilizando um cachecol com as cores do restaurante surgiu de dentro da cozinha e a observou com os olhos arregalados não acreditando na presença da menina.

“Então o Higor não está alucinando?! U-Uma cliente! Serena mas o que você está fazendo aqui?” Perguntou o menino.

“E por que não estaria? Shirou você foi o único que me aceitou no seu restaurante, então eu vim comer!” Irritada pela fome a menina alterou o tom de voz.

“Hoje é dia 29 de junho!” Frizou o menino vendo Serena e Mawile fazerem uma expressão confusa.

“Vocês não conhecem a história? Bem, todo dia 29 de junho acontecem coisas estranhas como os pertences das pessoas, mas especialmente as presilhas e adereços de cabelos, caem no chão, maquiagens acabam sendo borradas e escorrem pelo rosto, os cabelos de todos são arrumados em coques” Serena reparou que ele havia passado gel para manter o penteado. “As comidas chegam às mesas todas estragadas e uma mulher jura que viu um Rattata de Alola aqui dentro!” O menino disse quase que ultrajado pelo último item.

“Olha meu cabelo tá normal, eu passei pó para disfarçar as olheiras e ainda estou aqui e como assim eu sou a única?! E aquela mulher ali no fundo? Você não foi atendê-la até agora?” Serena questionou vendo a moça ainda ali sentada e imóvel na mesma posição.

“Mulher? Tá doida D-Do que você esta falando, não tem ninguém ali, ninguém vem aqui hoje” Shirou respondeu.

    Focando mais o seu olhar, ela agora via que o sobretudo ao redor da mulher não era uma roupa e sim energia obscura acumulada que cobria seu corpo dentro de uma massa cinzenta, ela utilizava um vestido e suas mãos estavam rentes ao colo sem expressar nada, vez ou outra a massa de energia se dispersava e saia pelas janelas como a fumaça que havia visto antes.

“Wile-Wile!” Chamando a atenção da menina, Mawile apontou para o seu bolso.

“A Key Stone, está brilhando de novo... Bom Shirou prepare os pedidos para mim, para Mawile e para mais um, acho que preciso entender o que está acontecendo!” Serena disse se levantando com Mawile ao seu lado enquanto o menino ia cozinhar confuso.

(por favor deixe em looping até a próxima)

    Conforme andava até a mesa, a garota reparava que a mulher ainda estava sem expressão com o olhar caído e fixo em seu colo, reparava que havia maquiagem escorrida por seus olhos e seu cabelo preso em um coque graças a uma presilha, sentindo um clima mais pesado ao se aproximar sentou-se frente a frente com aquela presença, tendo Mawile ao seu lado e a Key Stone em seu bolso brilhava.

“Olá... Eu gostaria de me perguntar o que está acontecendo... Eeu...” Serena começou temendo a reação da mulher e a estranha pareceu demorar para captar as palavras, lhe lançando um olhar confuso.

“Você... Você consegue me ver?” Perguntou com a voz falhada.

“Eu também não entendo como... Desculpe eu não quero ser intrometida até porque não a conheço... Mas aconteceu algo?” Apoiou suas mãos sob a mesa com a Key Stone reluzindo na palma da direita.

“Eu fiquei bem onde ele me deixou...” Uma lágrima escorreu por seu rosto, mas antes que caísse fora purificada pela energia da Key Stone atraindo novamente o olhar do espirito.

“Como assim? Quem lhe deixou?” Serena perguntou tentando inclinar-se mais para perto, porém a mulher retraíra-se, seu rosto mudou para uma expressão mais carregada.

“Socorro! Eu ainda estou nesse restaurante! Socorro!” Culpada levou as mãos ao rosto e a energia no local se intensificou.

“Wile-Wile!” Mawile tentava tranquilizá-la.

“Eu quero ajudá-la! Mas não entendo como... O que aconteceu... Eu acho que é por conta dessa pedra, mas não sei o porque!” Serena voltou a questionar a mulher que tirou as mãos do rosto ao sentir o que a menina falava.

“Você tem uma Key Stone das almas, nunca pensei que veria uma quando o CIAM veio me alertar” A moça falou tentando se acalmar.

“CIAM? O que é isso?” Serena perguntou.

“Centro de Iniciação para Almas Mortas!”.

“Então você...”

“Sim”.

“Não fazia ideia de que existia esse tipo de coisa depois que se morre... Mas por que ainda esta aqui?”.

“Bom, eles me explicaram que a energia da vida e da morte que existe em Kalos possibilita esse tipo de coisa, existem almas que cumprem seus desejos e conseguem fazer a passagem, devido a maldição de Kalos algumas almas com desejos ainda mais fortes se tornam Key Stones caso forem humanos ou Mega Stones se forem Pokemon e algumas mal conseguem sair do lugar... Eu estou bem aonde ele me deixou... E já faz tanto tempo” A mulher voltou a repetir com uma dor profunda em sua voz.

"E você sabe algo sobre almas que foram cristalizadas?".

"Essas provavelmente sofreram um destino pior do que eu posso compreender".

    Após alguns instantes de silêncio, a menina voltou a tentar.

“Você não quer falar um pouco mais sobre isso, por que está aqui? Pode usar a minha Key Stone se quiser” Ofereceu a garota.

“Você não deveria ter esses poderes, mas já faz tanto tempo... A-acho que posso te contar a minha história” E dito isto a mulher pôs a mão sobre as de Serena e então a sala se tornou escura e apenas a voz da garota narrava a situação

    Serena ainda não era nem nascida, mas aquela mulher sim e estava sob a forma de uma jovem garota que vivia em Aquacorde e conhecera um menino, ambos trabalhavam em lojas opostas e em seus horários de folgas acabaram curiosos um pelo outro até a curiosidade se tornar numa paixão e a paixão em um lindo relacionamento.
    Seu coração nunca havia estado tão feliz, ele era tudo que ela pensava e imaginava que ele sentia o mesmo, compartilharam seu crescimento, seus sonhos, famílias, feriados, finais de semana, dias difíceis e dias fáceis enquanto o amor deles perdurava.

“Amá-lo já não era um esforço ou mesmo algo que precisava me lembrar, era parte da minha vida” A voz do espirito contava enquanto Serena e Mawile podiam observar uma mulher e um homem se mudando para Lumiose conforme ele lhe dava uma presilha comprada de um vendedor, a mesma que a mulher utilizava agora.

    O tempo se passou e as coisas em Lumiose pareceram melhorar com ambos recebendo uma promoção em seus respectivos trabalhos, então num certo dia, iriam até um restaurante ao final de seus turnos, pensando em como tudo estava dando certo a mulher arrumou seu cabelo em um coque utilizando a presilha que havia ganhado de seu amado, arrumou o tom de sua pele com uma base e alongou os cílios junto de um delineador marcado.
    O restaurante estava completamente diferente do local onde Serena estava no presente, porém ainda se tratava do mesmo prédio, ambos sentaram à mesma mesa e ao olhar para o rosto do homem que amava a mulher reconheceu uma expressão diferente.

“Eu... Eu conheci alguém e acho que não estou sendo sincero com você... É dificil dizer... Dizer isso, mas eu quero pôr um fim... No que temos! Me desculpe” E essas palavras pareceram quebrar muito mais que seu próprio coração, Serena conseguiu observar rachaduras na própria realidade pelo qual aquela pessoa via o mundo e tudo fora ficando tão lento e então veio: uma dor semelhante a que sentiu por Espurr corroeu seu peito apesar de não ser sua.

    Como se o próprio tempo houvesse se partido e quebrado, as vozes, as pessoas atrás, o tintilar dos garfos, o som das botas dos garçons sobre o piso do restaurante ou mesmo o cheiro da comida que ainda repousava ali nada importava pois o tempo havia parado para aquela mulher.

“Socorro ainda estou nesse restaurante!” Serena ouvia uma voz gritar de dentro daquela experiência e desejava poder abraçar a voz, mas ela parecia estar por todos os lados enquanto tudo o que perdurava era a sensação de seu mundo despedaçando.
    Sua maquiagem descascava com as lágrimas caindo misturadas a uma tinta preta de seu delineado que escorria manchando seu rosto, sua presilha caía no chão enquanto ela encarava o homem que amava a sua frente, sem saber como reagir, suas mãos em seu colo conforme ela tentava processar palavras e pensar no que fazer.

”SOCORRO! Eu ainda estou nesse restaurante!” Serena ouviu novamente, sem conseguir conversar ela o dispensou e ele foi embora dali, a deixando naquela mesa ainda em choque, seus pensamentos e o choque de realidade que ainda processava. E Serena sentiu seu coração parar junto de Mawile, pois uma tragédia muito pior acontecera...

Dia 29 de junho um grupo de ladrões invadiram um restaurante...

Houve resistência e uma troca de balas...

Uma mulher de Aquacorde não resistiu e morreu no mesmo local...

“Eu estou bem aonde você me deixou” As palavras repetiam conforme as lágrimas escorriam pelo rosto de Serena ao lembrar de si mesma junto da empatia que tinha por aquela mulher, nas bordas do filtro em que enxergava aquilo respingos de sangue podiam ser vistos enquanto a menina assistia tudo em choque.
    Por muito tempo houve silêncio para aquela moça, ela se fora e não precisava lidar com o próprio peso da sua realidade, mas então no 29 de junho seguinte ela retornou presa àquela cadeira, com as mãos sob o colo, uma presilha em seu cabelo arrumado em um coque e ela soube: sua alma não descansaria em paz, pois...

“Socorro! Eu ainda estou nesse restaurante!” Ela gritava, mas ninguém a ouvia, ao invés disso as presilhas das pessoas caíam uma atrás da outra gerando algum tumulto.

    No próximo ano...

“Eu estou bem aonde você me deixou! Aonde você está?! Por que você não volta para me ver?!” Ela perguntava conforme o cabelo dos clientes de um novo restaurante eram todos arrumados em coques.

    E anos se passaram conforme ela voltava a cada ano, destinada a sentar num canto escuro e assombrar aquele lugar remoendo sua própria dor sem que pudesse fazer nada para parar, o tempo continuou até que Serena e Mawile estavam de volta ao restaurante de Shirou, com os olhos marejados e o fantasma as encarando.

“Me desculpe por tudo o que aconteceu... Você sofreu tanto...” Serena pedia.

“Eu estou aqui há tanto tempo... Todos os dias me pergunto, será que ele têm filhos? ... Será que ele foi mais feliz com ela? ... Será que nossa vida poderia ter sido boa? ...” Levando as mãos à cabeça, a mulher parecia transbordar após todos os anos sua forma se desfigurava.

“Calma, você precisa ter calma! Eu consigo entender em partes quando estamos diante de uma realidade que não temos como controlar... Imaginar possibilidades e finais diferentes... Se culpar é normal, mas é preciso encarar!” As palavras que a menina soltava pareciam se voltar contra ela que sentia o peso de cada uma.

"Mawi Mawile! Mawi-le!" A metálica contava sua versão sabendo que deixar a vida seguir assim era complicado.

(por favor mantenha em looping)

“Eu queria ser feliz... Ele era o amor da minha vida...S-Socorro eu ainda estou nesse restaurante... Bem aonde você me deixou!” A mulher após todos os anos se levantou da sua cadeira, Serena acompanhou conforme o espaço ao seu redor se distorcia em uma dimensão feita de nuvens negras levando as mãos ao pescoço sufocando devido a pressão espiritual daquele lugar.

    Ao olhar de volta a mulher havia tomado a forma de um Pokemon.

“Dusknoir! DUSK!” Gritou agora investindo contra ela como um fantasma desfigurado conseguindo fazer seu coração revirar naquele estado, ouvindo cânticos de uma única alma sofrida.

“Ma-Mawile!” Se colocando à frente da garota, a fada recebeu os golpes sendo atirada contra o chão.

“Mawile! NÃO!" Gritou e então sua Key Stone pareceu ouvir seu coração brilhando e fazendo com que respirasse novamente.

Serena encarou novamente o fantasma que agora a assombrava:

"Você precisa me escutar! As coisas não precisam ser assim!” Serena gritava ao lado da pokemon.

    Entretanto Dusknoir não queria ouvir, com um rugido ela exibiu sua barriga que se partiu ao meio para revelar uma mandíbula espectral que triplicou de tamanho buscando abocanhar a menina, mas a energia não possuía força o suficiente para configurar um movimento verdadeiro se tornando uma massa de poder obscuro que fora dissipado por um escudo proveniente da Key Stone em sua mão que a protegeu e logo se quebrou.

“Wile... Mawile!” Pondo-se ao lado da loira, Mawile preparou-se para a luta.

"DUSKNOIR!" Gritou o fantasma alterando o espaço e exibindo uma grande pressão energética pelo próprio ar, esta pressionou a garota contra o solo enquanto a fada tentava resistir, mas Serena conseguia sentir toda a dor que aquela mulher havia passado e com lágrimas nos olhos via o brilho de sua Key Stone apagar.

“E-Eu não sei se consigo... Eu... Preciso estar mais pronta... Mas...” Se perdendo nas palavras a menina começava a ver Espurr ao redor daquela imensidão obscura, percebendo que chamas espectrais controladas pela própria Dusknoir surgiam ao seu redor e tomavam a forma de sua antiga parceira.

    Numa tentativa de convocar um Will-O-Wisp, a entidade controlava os fragmentos de energia para dançar ao redor da menina, porém aos poucos perdiam seu formato tornando-se massas de poder.

"Mawi Mawile!".

"Eu não sou como você... Eu estou tentando, mas sinto que ainda estou bem onde Espurr me deixou" Serena constatou com as lágrimas descendo em seus olhos, apesar de suas pernas não estarem presas ela não tinha forças.

"MAWILE!" Com o grito de sua Pokemon, o olhar da menina tomou um novo brilho conforme sua Key Stone reluziu e ela conseguia ver um núcleo dentro da barriga do Pokemon.

“MAWILE! Mawile, wile wile Mawi MAWILE!” (Não estou pedindo que seja como eu porque não tem problema ter o seu próprio modo de lidar com as coisas, mas nós duas precisamos admitir a ajuda uma da outra! É para isso que estamos juntas!).

“Você está certa, estive sendo egoísta por não querer envolvê-la nisso!" Serena comentou e dessa vez foi ela que segurou a mão da Pokemon metálica.

"Ele ainda não se transformou por completo, precisamos atingí-la e impedir o processo!” Serena constatou com um pouco mais de determinação.

    Dusknoir rugiu e sua forma exibiu glitches enquanto ela se teleportava ao redor da menina e sua Pokemon, o fantasma incompleto exibiu sua mão e disparou um soco sob o chão agitando e criando abalos que se tornaram ondas de energia tomando forma ao redor da menina.
    Serena correu com dificuldade para se manter, aquele espaço dificultava as coisas, porém possuía Mawile ao seu lado e não se intimidou ao ficar presa entre duas fendas controladas por seu oponente, as fendas se tornaram paredes e o quase Pokemon uniu as mãos para esmagá-las, mas isso não aconteceria.

“Esp... M-Mawile, Iron Head!” Pediu a menina lançando um olhar confiante para sua Pokemon que entendeu o recado.

    Girando em torno de seu próprio eixo, Mawile sentiu partículas de metal fortalecendo seu corpo e como um foguete prateado disparou colidindo contra as fendas que buscavam prendê-las, forçando com toda a força que possuía abriu caminho e afastou as paredes ao seu redor quando expandiu a energia, ela e Serena avançaram na direção da assombração.
    Esta vendo a aproximação das garotas o fantasma recuou ainda mais erguendo suas braços para fazer surgir centenas de braços espectrais no solo que se moviam em agonia buscando por Serena e sua parceira, as duas tentavam desviar, mas logo Serena se via agarrada por mãos que a puxavam e tentavam pegar sua Key Stone.

“Fairy Wind, por favor, Mawile! Você precisa me ouvir! Eu entendo que seja dificil, mas não vai mudar nada! Você só vai se perder no meio de toda essa mágoa, acredite!” Com lágrimas nos olhos ela gritou.

    Como se quisesse dar vida aos sentimentos da garota, Mawile desfez a energia metálica que a cobria e em suas mãos fez surgir uma lufada de um vento encantando e a repassou para sua bocarra que espalhou as correntes de vento encantado que se deleitavam fatiando os fantasmas e possibilitava que ambas continuassem a ir na direção do oponente.

“DUSK! DUSKNOIR!”. Como se quisesse obrigar a menina a compartilhar da mesma dor, Dusknoir não se rendeu.

    Criando centenas de versões fantasmagóricas de Espurr que se moviam em pedidos por socorro, nasciam por entre os seus pés, estavam coladas em paredes invisíveis ou mesmo flutuavam gritando em agonia, tão alto que parecia vir de seu próprio coração.
    Serena suspirou fundo, seu coração pesava ao ser atormentada por aquilo e ela institivamente se sentira imensamente sozinha, mas abriu os olhos e viu Mawile ali ao seu lado, a Key Stone em sua mão era como um farol de sua própria esperança e ela conseguiu sentir dessa vez seus sentimentos em conexão com aquela pedra.

“Obrigada, obrigada de verdade” A menina comentou e a metálica sorriu como se dissesse o mesmo.

“Eu estou tentando superar! Eu estou disposta a seguir em frente, simpatizo com a sua dor, mas não vou deixar que me arraste com você se isso significa me ajudar e também ajudá-la a seguir seu caminho!” Serena gritou surpreendendo seu oponente.

“Mawile acabe com isso, Iron Head!” Pedindo enquanto erguia a sua Key Stone, a menina irradiou uma energia cegando o Pokemon.

    Vendo a oportunidade, Mawile correu com os braços para trás do corpo, ela saltou enquanto um amontoado de poder metálico era condessado em sua bocarra, este logo a envolveu e como um míssil ela disparou numa grande investida acertando em cheio o Pokemon que caiu no chão daquele mundo tendo sua forma desfigurada e voltando a ser apenas a presença que Serena vira anteriormente.

“Obrigada... Obrigada por ter ficado ao meu lado, por não ter desistido de mim! Eu coloquei tudo para fora e mesmo assim você me salvou” Falava o espirito com lágrimas em seus olhos.

“E-Eu não sei... Eu sinto que só piorei tudo... V-você está bem?” Serena perguntou ajoelhando-se ao seu lado e segurando sua mão.

“Você me salvou de me tornar aquilo e me deu a chance de finalmente fazer a passagem! Obrigada, muito muito obrigada por não ter desistido de mim! Você me libertou!” A mulher voltou a falar.

“E-Eu não sei o que dizer, mas estou aqui”.

“Mawile-Mawi!” A Pokemon segurou seu outro braço.

    A energia obscura que a rodeava era purificada revelando as cores verdadeiras de suas roupas antes envolvidas numa penumbra e agora rodeadas de uma fraca iluminação, a mulher levou uma das mãos a sua presilha e a colocou na mão de Serena.

“Quero que fique com isso, essa presilha foi como a espada que usei para lutar contra todos esses anos... O único pedaço de mim mesma que ainda valia a pena” E dito isto fechou o punho da menina.

    Ajoelhando-se a mulher juntou suas mãos com a de Serena enquanto Mawile observava as duas.

“Key Stones das almas podem se fortalecer com almas de espíritos humanos, é dessa forma que você pode se proteger do fardo de ter algo que não deveria manipular naturalmente, eu farei a passagem, mas um pouco da minha energia ficará com você”.

“E-Espere o que você quer dizer...”

    A mulher a puxou para um abraço de agradecimento, e a menina sentiu o envolver da moça, ela conseguiu ter um vislumbre de todos os sentimentos daquela alma sendo afrouxados como um nó apertado que finalmente é desatado, seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.

“Obrigada, Serena e boa sorte na sua jornada, sinto que você tem um grande futuro pela frente”.

    As lágrimas caíram conforme a sua silhueta se tornou um pequeno pó prateado que adentrou a Key Stone, esta brilhou mais forte parecendo absorver a energia e em um piscar de olhos Serena se viu de volta ao restaurante, em uma mão possuía uma presilha e na outra a pedra enquanto ela e Mawile se olhavam.

“Os pedidos estão prontos, quem ai está com fome?” Shirou perguntou com a menina olhando ao redor e constatando: ela realmente se fora.

    Voltando para o Centro Pokemon, entrara indo direto ao quarto de Magnemite tomada por uma ideia, se sua pedra tinha poder de purificação, ela sentia que poderia tentar fazer isso com alguém que também precisava e retirando sua Key Stone do bolso com Mawile ao seu encalço, respirou fundo e se conectou com a pedra semelhante ao modo como havia feito no mundo de Dusknoir conseguindo ver pulsos e veias que formavam o cristal.
    Por instinto a menina tocou as estruturas e soltando sua respiração deixava fluir por eles a energia em seus dedos com seus desejos e aos poucos eles foram se estilhaçando permitindo que o fluxo magnético voltasse a correr pelo corpo do seu amigo e melhorasse as respostas aos aparelhos, devagar e confuso o metálico abriu seu olho.

“M-Magnemite! Você voltou mesmo! Meu deus eu senti tanto a sua falta!” A menina gritou sorrindo e abraçando o pokemon que sentiu os braços de sua treinadora o envolverem, apesar das dores que ainda sentia.

“Mawi-Mawile!” Cumprimentou a pokemon que logo foi puxada também para o abraço.

“ANISA CORRE AQUI!” Gritou conforme a enfermeira chegou ao quarto.

“Meu deus! Mulher o que foi que você fez?! Magnemite você voltou!” Anisa surtava.

“NEM EU SEI DIREITO!”.

“WILE WILE WILE!”.

    As três pulavam no quarto de alegria enquanto o metálico dava chiados fracos, mas animados.

    Até que Anisa esbarrou na menina e esta sem querer deixou a presilha de cabelo pular de seu bolso, assim que esta entrou em contato com o ar ganhou uma energia arroxeada sobre si e alterou sua forma crescendo e tornando-se num Honedge que flutuava ao redor da menina enlaçando o pano em seu braço como se a estivesse abraçando.

“Essa presilha foi como a espada que usei para lutar contra todos esses anos”.

"Olá... Tudo bem acho que posso ficar com você também" A menina sorriu para o fantasma que continuou abraçado ao seu braço.

“Serena por onde você andou hoje hein? Você realmente saiu daqui para ir num restaurante ou andou frequentando algum terreiro da madame Olyvia?” Anisa perguntou desconfiada.

“Por incrível que pareça, eu fui só ao restaurante mesmo...” Serena respondeu ainda incrédula com tudo que acontecera.

“Aliás, esqueci de avisar, mas temos correspondência para você, a líder de ginásio Korrina da Cidade de Shalour que enviou” Anisa reparava enquanto a menina havia ficado distraída pela televisão onde um comercial de Lysandre aparecia.

    Entretanto agora ela notava algo diferente: O homem possuía uma mancha obscura na metade de seu rosto que não estava ali quando o olhara outras vezes na televisão ou até pessoalmente, mas ninguém parecia estar incomodado com isso.

“Serena você me ouviu?!” Anisa tirou a menina de seu transe.

“Ah! Sim e gente por que estou recebendo correspondência de Shalour? Eu nunca nem fui lá!”.

    Serena agora possuí uma alma em sua Key Stone e 30000 mil pokedollars.

Notas Finais: Espero muito que tenham gostado tanto desse capítulo quanto eu, o que terá na correspondência de Korrina? O que significa uma Key Stone das almas e por que Serena ganhou uma? E quanto a sua carreira? Bom descobriremos em breve.